A poucos dias do arranque do Ano Paulino, que a Igreja Católica vive a convite de Bento XVI, a Paulinas Editora lança no mercado um conjunto de obras destinadas a dar a conhecer o Apóstolo São Paulo.
Dois mil anos depois do nascimento desta figura marcante da História da Igreja, foram lançados esta semana os livros «Jesus e Paulo – Vidas Paralelas» e «Paulo – Um homem inquieto, um apóstolo Insuperável», do sacerdote irlandês Jerome Murphy-O'Connor, exegeta, docente e investigador bíblico em Jerusalém.
Na primeira obra, o autor entretece, com grande imaginação, elementos geográficos, culturais e históricos com elementos de outro tipo, que revelam um grande paralelismo no percurso de vida de Jesus e de Paulo - em contracorrente com a opinião daqueles que entendem que, nas semelhanças de vida de Jesus e do Apóstolo Paulo, nada mais há a descobrir.
Murphy-O'Connor começa por abordar as questões acerca dos locais de nascimento, dos primeiros anos e dos ambientes familiares de Jesus e de Paulo, examinando, de seguida, os espaços em que foram educados, os estatutos de refugiados e de classe social, posição económica, circunstâncias políticas, influências culturais e experiências de conversão. Por fim, explora os pormenores relativos às suas mortes.
Na apresentação da obra, acompanhada pela ECCLESIA, o biblista português João Lourenço considerou que a obra “pretende essencialmente falar-nos de Paulo”, fazendo notar que “não é somente o conhecimento de Jesus que é importante para conhecer Paulo, mas conhecer Paulo ajuda-nos a conhecer melhor o próprio Jesus e o seu mundo”.
João Lourenço destaca a “fácil e proveitosa leitura” desta obra, que considerou “um óptimo instrumento de trabalho” para quem quiser aprofundar algum dos temas abordados.
“É com Paulo que o cristianismo deixa de ser mais um dos movimentos que emergem no âmbito do judaísmo do primeiro século da nossa era, para então se tornar numa verdadeira religião e numa referência cultural de âmbito universal”, defendeu.
Um homem inquieto
Do mesmo autor, chega às bancas «Paulo – Um homem inquieto, um apóstolo Insuperável», cuja redacção o autor considera como “uma aventura maravilhosa que aconteceu ao tentar transformar uma vida numa história”.
Jerome Murphy-O'Connor, detentor de um excelente conhecimento das fontes e dos documentos da época, não faz ficção da vida de Paulo, nem sequer coloca diálogo algum na sua boca, simplesmente guia o leitor na descoberta dos sentimentos do Apóstolo, que se manifestam nas suas cartas.
Tolentino Mendonça, poeta e exegeta que apresentou esta obra, falando do seu autor como uma referência “obrigatória” para os estudos paulinos, com a capacidade de se “distanciar criticamente da personagem que aborda”.
“Não se interessa por opiniões, interessa-se simplesmente por factos”, sublinhou, lembrando a “carreira consensualmente brilhante do autor”.
Nesta obra, Murphy-O'Connor procura “reencontrar Paulo a partir do sopro de vida, com os seus detalhes, a topografia do seu mundo, a sua emoção que ia até ao paradoxo, o seu enigma, a sua cor”.
Paulo, um “verdadeiro corre mundos dos tempos antigos” e o “primeiro escritor sobre o facto cristão”, apresentou “década e meia de intensa actividade e reflexão”, na qual se percebe que “o seu pensamento evolui, as suas motivações amadurecem, os destinatários alteram-se como se alteram as situações que o Apóstolo tem de enfrentar”.
O “centro imutável” do ensinamento de Paulo, contudo, é “o interesse por Jesus”, “um centro fixo num pensamento plástico, num pensamento móvel”.