Capacitação e desenvolvimento integral são passos para a independência dos países de missão
A missão não deve criar “dependências mas sim independências”. A advertência partiu do Pe. António Vaz Pinto, jesuíta que durante 20 anos foi assistente dos Leigos para o Desenvolvimento. Timor, Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe são realidades que o sacerdote conhece bem.
“A missão cristã de todos nós tem quer aliar o serviço da fé com a promoção da justiça e o diálogo inter-cultural”, indicou.
Sublinha o jesuíta que as paroquias, as congregações e dioceses “devem apostar na formação dos leigos para a missão”. A formação que cada um leva é fundamental para no local. O Pe. Vaz Pinto indica as áreas da formação, saúde, educação, a construção são áreas onde os leigos podem trabalhar nas missões Ad Gentes. A capacitação é o trabalho. “O desenvolvimento é «o novo nome da paz»”, recorda.
Mas a formação cristã é essencial. “Seria uma grande irresponsabilidade enviar missionários sem catequese básica não existe, experiência de oração pessoal, convivência e experiência em grupo de trabalho, e acompanhamento pessoal”.
Aponta o jesuíta que o acompanhamento aos leigos “serve para combater o romantismo, a pseudo vocação missionária, o aventureirismo”, pois não poucas vezes as pessoas querer partir para resolver questões pessoais, “os desequilíbrios afectivos que a todos afectam” e que longe, “numa terra estranha, com duas ou três pessoas ao seu lado, confere um efeito de isolamento e traz à superfície efeitos de desequilíbrios”.
Os problemas de vida sentimental, na vida profissional e com os pais abrem situações que “precisamos enquadrar e acompanhar caso contrário podem ser dolorosas e impeditivas”.
O Pe. Vaz Pinto alerta que ser preciso cortar o cordão umbilical. “Se não o cortarmos, não nos tornamos adultos” e não se está de alma e coração na missão.
O Sacerdote considera positivas as experiências de Verão, de um ou 2 meses, “não as considero missões”.
O Jesuíta indica ser essencial, para que a missão seja frutífera, fomentar a oração pessoal e a celebração dos sacramentos da eucaristia, da reconciliação. “Sabemos que somos enviamos por Jesus Cristo”. Manter a ligação com a direcção do projecto, “é preciso ter a humildade de “saber que não fazer o que me apetece”.
“Cada leigo vai por uma fieira de tijolos na construção”. O Pe. Vaz Pinto sublinha que quem parte “é enviado pela comunidade, pela Igreja e por Deus. É-se enviado para proclamar a Boa Nova de Deus, por palavras, sinais e gestos”.
O Pe. Vaz Pinto aponta que quem vai tem de “conhecer, ter respeito e proximidade com as pessoas com quem vai trabalhar. Não se pode cair de para quedas. É importante fazer, mas mais importante é estar e ser”, sublinha.
“Não vamos lá só ensinar, mas muitas vezes aprender”. Num contexto diferente “há que acertar o estilo de vida”.
Foto:OMP