O método pedagógico usado para a formação dos rapazes nas casas do Gaiato ainda hoje é válido, mas usado em contextos diferentes pode ter uma concretização também ela diversa. Por isso é necessário que haja uma formação adequada dos padres que estão à frentes destas casas. Esta é uma ideia que fica da análise efectuada por dois estudiosos da obra do Pe. Américo, em entrevista ao Programa ECCLESIA.
Segundo Ernesto Candeias Martins, docente da Escola Superior de Castelo Branco na área das Ciências da Educação e autor de uma obra de investigação sobre o trabalho do «Pai Américo», a pedagogia usada que se constitui numa estrutura de autogoverno, em família, e comunidade “integra-se dentro das pedagogias mais avançadas do século XX”, embora considere que esta pode ter várias dimensões. “É uma pedagogia activa, situada e naturalista”, frisou.
A articulação entre autoridade e liberdade é um dos aspectos focados por este investigador, destacando uma autoridade que se caracteriza por uma “autoconfiança assumida”, em que, pouco a pouco os rapazes vão assumindo que há o seu chefe, e o padre da Rua – que é aquele que «sangra» pelos outros, mas que lhe dá amor”, explicou.
Nesta pedagogia e como em qualquer família o castigo tem por função “fazer com que o rapaz se consciencialize do mal que fez”, defende Ernesto Candeias Martins, uma posição partilhada pelo Pe. Manuel Durães Barbosa, com a ressalva de que o castigo “pode aplicar-se desde que seja proporcional ao mal que se fez, seja aplicado na ocasião oportuna e com amor”. O que – acrescenta - “acontecia da Casa do Gaiato e ainda hoje”.
Para suprir algumas lacunas que se possam vir a observar neste âmbito, o Pe. Manuel Durães Barbosa considera que é necessária “uma preparação do padre da Rua que está orientar a casa”, e aponta ainda a existência de “voluntários devidamente preparados que ajudem a concretizar o projecto do Pe. Américo que ainda hoje é válido”.