Peregrinação Internacional Aniversária de Agosto 2005
A Peregrinação Internacional de Agosto juntou ontem na Cova da Iria mais de 90.000 mil pessoas. Em grande número estavam portugueses emigrantes e imigrantes que fizeram de Portugal o seu destino. Destaque para um grupo representativo de imigrantes de nacionalidade brasileira a residir em Portugal, que acompanharam as cerimónias presididas pelo bispo de Foz de Iguaçu (Brasil), D. Laurindo Guizzardi, responsável pela Pastoral dos Brasileiros no Exterior da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.
Com o propósito de sublinhar a importância do diálogo entre as diversas culturas, em nome da igualdade e da justiça, o tema escolhido para esta peregrinação, proposto pela Obra Católica Portuguesa de Migrações, foi: “O diálogo intercultural fecunda uma sociedade integrada”. O lema foi inspirado na mensagem deixada por João Paulo II: ir além da tolerância, pelo diferente, o outro, o estrangeiro, o imigrante, o refugiado.
No decorrer da homilia da eucaristia do dia 13, D. Laurindo Guizzardi sublinhou que o fenómeno da migração está em crescimento e, apresentando dados estatísticos que comprovam esse facto, rezou “a Deus, pela intercessão da Virgem de Fátima, que proteja os migrantes e suas famílias e ajude nossos países (Brasil e Portugal) a trabalhar pela unidade harmónica dos povos, a fim que o mundo possa realmente constituir "uma cidade integrada e pacífica, em volta de um único Deus e Senhor"”.
Pela terceira vez em Portugal, após uma visita em 1999 e outra em 2002, D. Laurindo Guizzardi pretendeu com esta vinda a Fátima “estreitar os laços de amizade e de colaboração entre a Igreja no Brasil e a Igreja em Portugal” e “manifestar afeição apostólica para com os migrantes e um sentimento de gratidão para com a Hierarquia e a Nação portuguesa pela contribuição que deram ao desenvolvimento religioso e social de minha terra”.
No decorrer de uma conferência de imprensa promovida pela Obra Católica de Migrações, realizada na tarde do dia 12, D. Guizzardi apontou o dedo aos grupos exploradores que iludem os brasileiros, principalmente as mulheres, com aliciantes propostas de emprego no exterior do país, encaminhando-os depois para os caminhos da ilegalidade, que tantas vezes são os da prostituição, entre outros tipos de exploração. D. Guizzardi reconheceu mesmo ser esse o facto, a somar ao grande número de ilegais, que faz com que os imigrantes oriundos do Brasil tenham má fama fora do seu país.
No decorrer da eucaristia da noite do dia 12, D. Vitalino Dantas, presidente da Comissão Episcopal da Mobilidade Humana da Conferência Episcopal Portuguesa, sublinhou que “A Igreja tem de ser testemunho, sinal e realização da união do género humano em Deus. Mas também estamos conscientes do longo caminho que temos a percorrer até à realização total desse desígnio de Deus. Podemos dizer que Fátima antecipa essa vontade de Deus. Por isso nós vimos até aqui, percorrendo longas distâncias e sentimo-nos bem. O coração humano repousa quando se sente realizado. A maioria dos emigrantes sente a necessidade de vir a Fátima no tempo das suas férias. Aqui sente aquilo que muitas vezes falta lá fora: a comunhão com Deus e uns com os outros, sem acepção de pessoas. Levemos também daqui, sabendo que Maria nos acompanha, a forte vontade de realizar essa comunhão nos locais onde vivemos e trabalhamos”.