Nacional

Poder Político e Cidadania em África

Voz Portucalense
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O Secretariado Diocesano da Pastoral Universitária do Porto promoveu no passado dia 26 de Março, na Casa de Vilar, um Colóquio especialmente dirigido à comunidade africana que estuda e trabalha na Diocese. O tema em debate, “Poder Político e Cidadania na África Contemporânea”, teve como orador convidado Simão Cacete, candidato às eleições presidenciais angolanas de 1992, e como moderador o advogado guineense, Arnaldo Mendes. Partindo da sua própria experiência, Simão Cacete começou por desenhar as principais linhas que definem os actuais modelos políticos que regem a África subsaariana, as contradições e distorções no exercício do poder político num alargado conjunto de países africanos, cujos resultados mais visíveis e dramáticos são a pobreza e as situações de conflito armado, internas e externas. A falta de preparação técnica e a frequente ausência de valores éticos e morais leva a que muitos profissionais da política se eternizem nos seus cargos e tendam a considerar como património seu, utilizando em benefício próprio e das suas famílias e apoiantes, o poder. Uma das consequências deste cenário é a negação dos direitos dos cidadãos. Privada dos seus direitos e de cumprir as suas obrigações, grande parte da população acaba por se alhear da vida política, sem deixar, de se ver envolvida nos conflitos. O conferencista afirmou não ser seu objectivo encontrar soluções mas promover a reflexão e o diálogo. À exposição seguiu-se um debate orientado por Arnaldo Mendes, com elevado número de intervenientes, o que revela o interesse que as palavras do orador suscitaram, e a importância destes espaços de confronto de opiniões. O encontro foi também oportunidade de divulgação das mensagens Aspiração universal à Democracia da Conferência dos Bispos Católicos de Angola e Por Amor do Congo, não me calarei da Comissão Permanente dos Bispos da República Democrática do Congo. Presentes cerca de 30 universitários africanos vindos de Lisboa para participar no Colóquio. A sua deslocação foi possível graças ao apoio da Fundação Cidade de Lisboa e da AMU - Acções para um Mundo Unido (ONGD). Este grupo teve um programa de actividades que, apoiado pelo Secretariado Diocesano da Pastoral Universitária, incluiu visitas ao Porto, um concerto de Quaresma pelo Coro do Mosteiro de Grijó e a Eucaristia dominical. O último domingo de cada mês tem sido ponto de encontro para os estudantes universitários provenientes dos PALOP. A iniciativa da Eucaristia mensal suscitou a criação de um coro e a organização de um almoço em que sons, gestos e paladares dos povos daquele continente são motivo de partilha e de festa.


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