Bento XV beatificou Nuno Álvares Pereira e “de certeza que será Bento XVI a canonizar o beato Nuno” – disse à Agência ECCLESIA o Pe. Francisco Rodrigues, vice-postulador para esta causa. O processo das virtudes e do milagre já está em Roma e
“está a ser estudado pelos teólogos e médicos”. E completa: “um trabalho que leva tempo porque é muito material”. Dia 6 de Novembro celebra-se a festa do Beato Nuno de Santa Maria mas “ainda não há previsão para a data da canonização” – referiu.
Ao colocarmos a hipótese ser canonizado em 2006, o Pe. Francisco Rodrigues mostrou-se esperançoso e disse: “espero que sim”. No próximo ano haverá um congresso dos leigos. Ele foi o fundador “das confrarias e ordens terceiras do Carmo”. Em 2007 “celebramos o centenário da regra carmelita” – adiantou.
Nuno Álvares Pereira foi beatificado em 1918 pelo papa Bento XV, e nos últimos anos, a Ordem do Carmo (onde o beato ingressou em 1422), em conjunto com o Patriarcado de Lisboa, decidiram retomar a defesa da causa da canonização. Em relação a este interregno, o vice-postulador declarou que “não percebo muito bem” o porquê das paragens. Em 1947, o processo “parou abruptamente” e em 1963, quando as relíquias percorreram Portugal, “também se falava nisso” mas “rebentou a guerra no Ultramar e as atenções foram para lá”. Chegou o “timing certo” – afirmou. Recordando que D. Nuno Álvares Pereira doou a totalidade dos seus bens aos pobres e familiares, o Pe. Francisco Rodrigues considerou que este é o “momento certo” para a sua canonização já que a sociedade actual permite “salários escandalosos” e “reformas de miséria” quando o “estômago do pobre é igual ao do rico”.
Em relação ao local da canonização, o Pe. Francisco Rodrigues realça que “é Papa que define”. Se for canonizado sozinho “pode ser num lado qualquer” mas “se for com os pastorinhos, pode ser em Fátima”, no caso de Bento XVI “escolher aquele santuário”. Ainda no campo das hipóteses, o vice-postulador referiu também que se o beato Nuno for canonizado juntamente com a madre Teresa de Calcutá, “outro processo que está para avançar”, poderá “ser em Roma”.
O processo do milagre foi aberto a 23 de Novembro de 2004 e encerrado a 10 de Janeiro deste ano. De acordo com o vice-postulador, este é apenas um de «sete possíveis milagres», mas a Congregação Vaticana para as Causas dos Santos, presidida pelo cardeal português D. José Saraiva Martins, entendeu escolher apenas o processo de cura do olho esquerdo de uma mulher residente em Ourém, que ficou queimado com óleo que saltou de uma frigideira a ferver, por ser mais simples de provar, já que existem vários documentos médicos que confirmam a doença e a cura, inexplicável segundo a ciência.
O processo de canonização do Beato Nuno de Santa Maria, D. Nuno Álvares Pereira, foi reaberto no dia 13 de Julho de 2004, nas ruínas do Convento do Carmo, em Lisboa, com a sessão solene presidida por D. José Policarpo. O Cardeal Patriarca de Lisboa definiu nessa celebração o Beato Nuno de Santa Maria como um modelo a seguir por todos os que exercem funções de responsabilidade.
"Ele é um exemplo de um cristão que exerceu as suas missões civis com a coerência de um cristão" e, por isso, um modelo a seguir por todos os que exercem funções de responsabilidade, sejam elas civis ou militares, sublinhou. O Cardeal Patriarca de Lisboa lembra, ainda, que a reabertura do processo de canonização do Beato Nuno de Santa Maria serve, sobretudo, para alargar a toda a Igreja um culto que já é bem real no nosso país.