A violência derivada da utilização de armas ligeiras é um problema crescente com consequências cada vez mais dramáticas no nosso país. A constatação deste facto levou a Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP) a promover uma audição pública para debater e mobilizar a sociedade contra a "perigosa e excessiva proliferação de armas ligeiras" em Portugal.
Manuela Silva, vice-presidente ca CNJP, explica em declarações ao programa ECCLESIA que é necessário “recolher mais informação e dar a conhecer aquela que já existe” sobre o problema das armas em Portugal, de forma a “mobilizar a opinião pública” para conseguir “uma sociedade onde não imperem as armas, mas a justiça e o desenvolvimento”.
Esta responsável aponta o dedo a “uma certa cultura de violência que se está a instalar” na nossa sociedade, dado que considera “particularmente preocupante”. “Um dos objectivos da audição é a desinstalação”, adianta.
A audição pública de cinco sessões, intitulada "Por uma Sociedade segura e livre de armas" pretende "pôr termo à crescente disseminação desregulada de armamento". As sessões terão a participação de personalidades de diversos sectores, visando trazer ao espaço público o debate sobre uma questão que, em Portugal, a CNJP considera estar "pouco estudada, mal avaliada e, com frequência, escamoteada quanto ao seu contributo para o agravamento das consequências dos actos de violência".
Para Manuela Silva, uma preocupação do organismo católico será o de avaliar “qual a consciência que as pessoas têm do problema”, lamentando que o problema apenas seja colocado quando há notícia de mais uma vítima. “Não podemos resignar-nos a ficar numa postura de efeméride, como se os acontecimentos não tivessem consequências”, aponta.
“É preciso promover o desenvolvimento de uma cultura da responsabilidade, do respeito do outro, da solidariedade. Existe algum défice, entre nós, nesta matéria, e é preciso valorizar a consciência ética dos portugueses”, refere ainda.
A vice-presidente da CNJP critica a “nuvem de silêncio e de cumplicidades” em torno da questão da produção, comércio e proliferação das armas. “As somas de dinheiro envolvidas são de tal grandeza que escapam mesmo às medidas mais bem intencionadas do ponto de vista legal”, precisa.
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