Prioridade de Acção para 2003-2004
“Avaliar o Movimento, Preparar o Congresso”
1 – Introdução
Na sua última reunião, realizada em Junho, a Equipa Nacional da LOC/MTC iniciou a preparação do Congresso e definiu as bases do prioridade de acção para o ano 2003/2004. Analisou as realidades mais sentidas no mundo operário a nível local e nacional, identificou os desafios que daí resultam para o Movimento e escolheu como slogan do Congresso:
“TESTEMUNHAR A ESPERANÇA, CONSTRUINDO UM MUNDO MAIS JUSTO E HUMANO”
Ao rever o trabalho realizado no último ano, constatou que o inquérito lançado a nível nacional e as diversas acções desenvolvidas pelos militantes, no âmbito da campanha “Por um Trabalho Justo, Digno e Reconhecido para Todos” de que se salienta o Grande Encontro de Trabalhadores, realizado em Coimbra em 25 de Maio de 2003, são testemunho de que, apesar da profundidade e extensão da crise existente é possível construir um novo mundo e uma nova sociedade.
Com efeito, não podemos ignorar que a LOC/MTC é, antes de mais, um Movimento educativo, onde as pequenas acções transformadoras têm um lugar privilegiado.
Nesse sentido, durante o ano que agora finda, foi possível lançar e dar corpo a um conjunto de iniciativas que é necessário realçar e dar continuidade, tais como:
·O esforço de esclarecimento e denúncia sobre as implicações negativas para os trabalhadores que resulta do código de trabalho.
·Tomadas de posição, através de comunicados, a nível nacional, diocesano e local.
·Realização e estudo do inquérito a nível nacional, facto que permitiu um melhor e mais profundo conhecimento da realidade
·Encontros de formação, de esclarecimento e mobilização de pessoas não pertencentes ao Movimento, com vista à acção nos diversos meios de vida.
·Atitude de firmeza, por parte dos militantes, na defesa dos valores do trabalho
·Maior atenção por parte dos Grupos de Base às situações existentes.
Ao actuar desta forma o Movimento tem procurado dar à acção dos militantes uma perspectiva diferente, aprofundando os valores da justiça e solidariedade baseados no Evangelho e na D.S.I. Apesar do medo de denúncias e represálias, e até do desemprego, alguns militantes continuam a lutar com outros trabalhadores perante situações de injustiça.
2 – Realidades mais sentidas
O desemprego, a precariedade no trabalho e a consequente diminuição do poder de compra dos trabalhadores, continuam a constituir a grande marca do mundo do trabalho dos nossos dias.
Estas realidades, cujas causas profundas derivam do processo de globalização da economia, onde os critérios economicistas se sobrepõem à dignidade intrínseca do ser humano, trazem um conjunto vasto de consequências, para as pessoas, para as famílias e para a sociedade, salientando-se os seguintes aspectos:
·Instabilidade, insegurança e medo.
·Submissão a trabalhos menos dignos e prolongamentos dos horários de trabalho, sem o respectivo pagamento.
·Frustração e stress dos trabalhadores.
·Pressão psicológica nos meios de trabalho.
·Represálias aos dirigentes e activistas sindicais.
·Aumento da precariedade e do desemprego entre os imigrantes, mesmo os que estão legalizados.
·Corrupção a todos os níveis, com o consequente descrédito na sociedade.
·Falta de solidariedade para com os desempregados.
·Aumento do tráfico e consumo de droga.
·Aumento da insegurança, da violência e da criminalidade.
·Crise de valores na família, na escola e na sociedade.
·Criação de guetos habitacionais, onde se fomenta o individualismo.
·Agravamento da exclusão social.
·Desigualdades salariais entre as várias regiões e sectores de actividade.
3 – Desafios que se colocam ao Movimento
Do contexto acabado de referir, resultam para o Movimento um conjunto de desafios detectados pela Equipa Nacional, a que nenhum militante poderá ficar indiferente.
Desses desafios, identificaram-se os mais significativos, que requerem uma maior atenção dos Militantes:
3.1 – Para o exterior do Movimento
·Tomar posições atempadamente sobre os problemas da vida dos trabalhadores.
·Participar mais nas estruturas dos trabalhadores.
·Dar atenção à prática de parcerias com organizações que defendam valores semelhantes.
·Agir face à precariedade e ao desemprego, sobretudo, no que se refere às leis do trabalho, à participação, aos salários baixos e à imigração.
3.2– No interior do Movimento.
Impõem-se uma análise rigorosa ao interior do Movimento até ao Congresso que possibilite:
·Levar os militantes a definirem o seu campo de acção.
·Captar as gerações jovens e sensibiliza-las para o movimento, sobretudo os que vêm da JOC.
·Dar uma maior atenção à Revisão de Vida Operária, não se deixando absorver por questões de ordem administrativa e burocrática.
·Tornar o Movimento mais leve e atractivo e empenharmo-nos na sua renovação e expansão.
·Formar e informar os militantes, para que dêem testemunho de vida e coerência e se tornem mais intervenientes na sociedade, particularmente nas organizações dos trabalhadores.
·Por em prática a especificidade cristã e internacional do movimento.
4 – Proposta de trabalho para o ano 2003-2004
A caminho do Congresso
Dentro deste espírito, com vista à preparação do congresso, a Equipa Nacional adoptou o lema: “Testemunhar a Esperança, Construindo um Mundo mais Justo e Humano” e estabeleceu o seguinte programa de acção para 2003/2004:
1ª Fase – Outubro a Dezembro/ 2003, com o objectivo de analisar o interior do Movimento, a fim de detectar os pontos em que é urgente uma renovação.
2ª Fase – Janeiro a Março /2004, com o objectivo de trabalhar, nas Equipas de Base, o tema escolhido para o Congresso Nacional, a partir do “ Documento de Orientação”, preparado pela Equipa Nacional de Janeiro. esta fase termina com o encontro Nacional de Formação, em Março.
3ª Fase – Abril a Junho/ 2004, com o objectivo de preparar e realizar o Congresso Nacional.
Relativamente à primeira fase (analisar o Movimento) e para que se possam atingir os objectivos pretendidos, é necessário não perder de vista os desafios referidos no ponto 3 que, resumidamente, se relembram:
· Maior atenção à Revisão de Vida.
· Renovação e expansão do Movimento.
· Formação, informação e empenhamento dos militantes.
· Pôr em prática as ideias e conclusões do Movimento.
Equipa Executiva do Congresso
Equipa Executiva Nacional
Américo Monteiro – Braga
Ana Maria – Porto
José Costa – Viseu
Maria Alexandrina - Guarda
Maria Leonor - Setúbal
Equipa Nacional, 21 de Setembro de 2003