Acção de formação reúne docentes de ensino básico e secundário
A missão do docente de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC) não é apenas a de transmitir conhecimentos a partir de uma matriz religiosa, mas é fundamentalmente um agente cultural. Esta é uma das ideias que sobressaiu esta semana na Acção de Formação Contínua para professores do Ensino Básico e Secundário, na Universidade Católica Portuguesa em Lisboa.
Mais de 300 professores de EMRC e de outras áreas disciplinares, da diocese de Lisboa, estiveram esta semana a analisar a questão da cidadania, “a partir de uma experiência cultural histórica da presença do cristianismo na sociedade portuguesa”, explicou à Agência ECCLESIA o Pe. Robson Cruz..
Promovida pelo Secretariado Diocesano do Ensino Religioso (SDER) do Patriarcado de Lisboa, esta acção de formação “procurou responder às sugestões e preocupações que os professores manifestam sobre determinadas áreas de formação que gostam de ver tratadas”.
Em anos anteriores têm sido abordadas “problemáticas ligadas a expressões muito concretas da formação dos valores”, comentou. Este ano os professores “sentiram que não tinham competências muito específicas para tratar de assuntos ligados à história da Igreja em Portugal”, ao perceberem que “o tipo de valores e a forma como a comunidade portuguesa se situa em relação ao que chamamos um «padrão de valores», está muito ligado à nossa história religiosa”, salientou.
Neste sentido, entre os dias 13 e 15 de Fevereiro, foram abordados temas como o problema do sagrado e a violência que, “parecem muito relacionados nos dias de hoje”, sublinhou aquele responsável, foi feito um percurso pela história da Igreja em épocas concretas, foi olhada a actualidade da Gaudium et spes que, “não é inovadora só no conteúdo mas no método e na linguagem”, referiu o Pe. Robson Cruz.
Outra das temáticas abordadas e que tem suscitado alguma preocupação refere-se à necessidade de uma autonomia escolar. Segundo o director do SDER nesta acção de formação foi dito que “o Estado, se promove o crescimento integral dos indivíduos, deve apostar muito, e seriamente, na questão da autonomia escolar. Temos uma autonomia escolar no papel mas ainda vivemos numa mentalidade de centralização das políticas educativas”.
Seguindo uma metodologia adoptada o ano passado foi distribuído, aos participantes desta Acção de Formação, um CD-Rom com a bibliografia relacionada com os temas abordados, fornecida pelos diversos conferencistas.
Escola: espaço de diálogo
Depois de cinco anos no cargo de director do SDER, o Pe. Robson passa agora a pasta a um novo director, o Pe. Paulo Malícia, com a convicção de que a “escola é o lugar, o laboratório de experiências mais diversificado e mais democrático que temos na nossa sociedade porque, é um espaço muito mais amplo e aberto de intervenção, diálogo e discussão”, frisou.
A disciplina de EMRC na diocese de Lisboa “tem uma média de 42% de adesão”, o que justifica pelo facto de esta “ser um lugar de encontro e confronto com pessoas que não tem uma prática religiosa regular”.
A média de idade de professores de EMRC na diocese de Lisboa centra-se nos 42 anos, e desses, diz o Pe. Robson “há exemplos de qualidade e de fidelidade em missão”.
Ao deixar o SDER deixa ainda uma nota: “é preciso actualizar os percursos didácticos e renovar os manuais utilizados que já têm 12 anos”.