Promover a atmosfera do ambiente eucarÃstico Diocese do Porto 29 de Janeiro de 2007, às 11:47 ... Conclusões Jornadas Pastorais para o Clero do Porto Realizaram-se na Casa Diocesana de Vilar, de 22 a 26 de Janeiro de 2007, as Jornadas Pastorais para o Clero do Porto sob o tema "A Palavra de Deus e a Liturgia", na continuidade das últimas três Jornadas, com a participação empenhada de cerca de 70 presbÃteros sob a orientação de uma equipa de "La Casa de La Biblia". Foi desde logo chamada a atenção de todos os participantes para a frase de Jeremias (15, 16) que encimava a apresentação do programa: "Eu devoro as Tuas palavras, onde as encontro; a Tua palavra é a minha alegria e as delÃcias do meu coração". E embora a temática dissesse respeito a toda a Liturgia, o centro da reflexão incidiu sobretudo na relação entre a Palavra de Deus e a Eucaristia. No final do desenvolvimento esclarecido dos conferentes e das intervenções dos participantes, foi discutido em reunião de grupos quais as principais consequências para a vida espiritual e actividade pastoral do clero, donde resultaram as seguintes conclusões. 1 - A celebração litúrgica é muito mais do que cumprimento de um ritual prescrito. É a celebração de um encontro com Cristo ressuscitado na força do EspÃrito. Na mistagogia da celebração é decisivo que os fiéis cheguem a compreender esta dimensão da Liturgia da Igreja e sejam ajudados a cultivar a mÃstica deste encontro, discernindo as feições do Seu Senhor nas diversas modalidades da sua presença. 2 - Na Liturgia, o rito e a palavra estão intima e profundamente unidos (SC, nº 35); a liturgia da Palavra e a liturgia eucarÃstica estão tão intimamente ligadas que "constituem um só acto de culto" (SC. nº 56) e são dignas da mesma veneração tanto a Palavra de Deus como o Corpo de Cristo (DV. n.º 21). Sendo partes constitutivas do mesmo acontecimento salvÃfico, não pode a liturgia da Palavra ser considerada o prelúdio ou o preâmbulo da celebração propriamente sacramental. É já comunhão com o Verbo na fé e na adesão amorosa, tão eficaz e necessária como a comunhão sacramental. No discurso em Cafarnaúm, após o milagre da multiplicação dos pães, Jesus apresenta-se como pão da vida num duplo sentido: o pão que o Pai nos dá, que é o revelador e a Palavra do Pai, o pão que desce do céu e em quem é preciso acreditar (Jo. 6, 26-47); e o pão que se dá em alimento e que é preciso comer, degustar, assimilar (Jo. 6, 48-59). 3 - "A mesa quer da Palavra quer do Corpo de Cristo" (DV. n.º 21). Em Emaús, depois de confrontados com as Escrituras, os discÃpulos sentaram-se à mesa com o desconhecido e ao "partir do pão", reconheceram-no, mas Ele tornou-se invisÃvel; dão-se conta de como lhes ardia o coração quando lhes explicava as Escrituras; reconhecem-no vivo sem o verem e tomam consciência do que para eles significou este reencontro (Lc. 24, 13-35). a) É preciso promover a atmosfera deste ambiente eucarÃstico: cuidar do espaço litúrgico (ambão, altar), do arranjo e da acústica; tirar partido dos sinais que enriquecem a cerimónia, valorizando-os para que se tornem mais expressivos (cruz e demais alfaias litúrgicas, o leccionário e o evangelÃário, podendo este ser levado em procissão em tempos fortes); guardar os momentos de silêncio recomendados: no acto penitencial, a seguir ao convite à s orações, depois das leituras e da homilia e na acção de graças de Comunhão; valorizar as respostas dos fiéis, esclarecendo-os sobre o verdadeiro sentido do amen; lançar mão de monições ajustadas; preparar as acções dos intervenientes. b) Em ordem a uma adequada proclamação da Palavra é necessário utilizar os textos sagrados de acordo com as normas litúrgicas, não os substituindo por textos profanos; promover a instituição de leitores leigos a quem seja dada a conveniente preparação espiritual (bÃblica e litúrgica) e também técnica, recorrendo para tanto à Escola Diocesana de Ministérios Laicais ou, onde as houver, a escolas vicariais ou paroquiais. Esta formação deverá ser permanente (e para isso recomenda-se a lectio divina) e estimulante de modo a tornarem-se cada vez mais aptos a ler e a comunicar. c) Particular atenção deve merecer a homilia, que não se pode reduzir a um mero ensino para a vida ou a uma qualquer preparação catequética, mas deve enquadrar-se no dinamismo próprio da acção unitária celebrativa para despertar uma adesão incondicional de fé e uma entrega de amor como a de Cristo. Deve haver especial cuidado na sua preparação, sendo de louvar as experiências já tentadas de trabalho em equipa, com colegas ou leigos. Deve ser breve, clara e dirigida a uma concreta assembleia de fiéis. Respeite-se o equilÃbrio de tempo entre a liturgia da Palavra e a liturgia eucarÃstica. 4 - Na Liturgia da Igreja tem lugar a Eucaristia, os sacramentos, o ano litúrgico, as acções sacramentais menores com as bênçãos ou consagrações, mas também a Liturgia das Horas. Entre todas as formas de oração cristã a Igreja, enquanto comunidade orante, privilegia a litúrgica, reconhecendo-lhe um lugar à parte. Elaborou a sua estrutura, compô-la com textos bÃblicos e patrÃsticos e ao longo dos séculos foi-a adaptando à s novas exigências históricas. É uma oração essencialmente horária, para consagrar todo tempo, as realidades cósmicas na sua duração. Nela ressalta a dignidade do homem como mediador de louvor entre as coisas criadas e Deus. E para garantir o exercÃcio e a actuação mais alta da sua missão de orante perene que lhe foi confiada por Cristo, tornou-a obrigatória para os sacerdotes e muitos religiosos. Deve por isso o sacerdote dar tempo e espaço à Liturgia das Horas e colocá-la no ritmo da vida. Deve promover, algumas vezes, domingos à tarde ou nas festas, a oração de Vésperas com o Povo de Deus. Nas reuniões habituais com os diversos movimentos da comunidade, seria bom iniciá-las com a oração da Hora adequada ou, pelo menos, fazer referência aos textos da Palavra de Deus desse dia. 5 - Do que foi dito sobre a relação entre a palavra e o rito, se conclui a importância da Palavra de Deus na administração dos outros sacramentos e se justifica o esforço da Reforma litúrgica, dando seguimento ao Vaticano II, para dotar os rituais de uma selecção de textos bÃblicos que o celebrante pode escolher e adequar a cada caso. Por isso é necessário dar tempo e solenidade à proclamação da Palavra de Deus, não só nas celebrações comunitárias dos sacramentos, mas mesmo quando individualmente administrados, devendo nestes casos proceder à s necessárias adaptações. Também pode ser muito útil breves monições para potenciar o valor dos gestos e sÃmbolos, nomeadamente os de inspiração bÃblica. 6 - Dada a escassez crescente de presbÃteros que garantam a celebração da Eucaristia Dominical em todas as comunidades, já o Vaticano II previu uma solução transitória (SC. 35, 45), que tem vindo a ser progressivamente regulamentada por diversos documentos do Magistério e foi objecto de discussão na última Assembleia Geral do SÃnodo dos Bispos, que recomendou à s Conferências Episcopais para prepararem subsÃdios adequados. Nessa linha, a Conferência Episcopal Portuguesa acaba de publicar "Celebração Dominical na Ausência do PresbÃtero", que foi posto à disposição dos participantes. Porque também, na nossa Diocese, a situação se vai agravando, insistiu-se na necessidade de escolher criteriosamente os candidatos; acompanhá-los, formá-los e confiar neles; mentalizar os padres e as comunidades para a aceitação do seu ministério como dom de Deus. Enquanto decorriam os trabalhos da Jornadas, os participantes tiveram a alegria de tomarem conhecimento das palavras do Papa Bento XVI, nesse dia 25 de Janeiro, aos membros do Conselho Ordinário da Secretaria Geral do SÃnodo dos Bispos, recebidos em audiência: "A futura Assembleia Geral Ordinária do SÃnodo dos Bispos, a 12ª, terá como tema: A Palavra de Deus na vida e na missão de Igreja. A ninguém escapa a importância de tal temática que, aliás, foi a mais solicitada na consulta feita aos Pastores das Igrejas Particulares. É um tema desejado desde há muito tempo. O que se compreende facilmente porque a acção espiritual, que exprime e alimenta a vida e a missão da Igreja, se funda sobre a Palavra de Deus." Os participantes sentiram-se em profunda sintonia com o Papa Bento XVI e com toda a Igreja. Diocese do Porto Share on Facebook Share on Twitter Share on Google+ ...