Publicações: «Portugal e a Crise Global - Só a Águia Voa Sozinha», reflexões de Adriano Moreira

D. Manuel Clemente apresentou livro que é seleção de vários textos sobre a dimensão nacional
Lisboa, 28 jun 2016 (Ecclesia) – «Portugal e a Crise Global - Só a Águia Voa Sozinha» é o novo livro de Adriano Moreira, apresentado hoje em Lisboa, com textos que “andam à volta da evolução da situação internacional do país” .
“[Portugal] passou de ser parte do império euro-mundista para a situação de país exógeno, sujeito a consequências de decisões em que não toma parte, e depois estado exíguo porque tem relação deficitária entre recursos e gastos”, começou por contextualizar o autor, no ISCSP - Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas.
Neste contexto, em declarações à Agência ECCLESIA, Adriano Moreira comentou a situação que considerou “incómoda e que alguns chamaram mesmo protetorado” aquando as negociações com a Troika, porque não gostou de ver ministros portugueses a “discutir com funcionários”.
Segundo o professor universitário, o “grande problema” - e por isso a obra tem como subtítulo ‘Só a águia voa sozinha’ - é que a Europa para ter uma “posição suficientemente organizada e forte” precisa de ter uma união.
O responsável alerta para a falta de um “conceito estratégico europeu”, para acompanhar uma evolução “cheia de imprevistos” como é o globalismo.
O autor considera que a “Europa pobre” que ressuscitou o Império Romano, com casos como do Chipre, Grécia, Itália, Espanha, França, Portugal, “precisa” de ter uma voz segura no Conselho porque “o poder da palavra é capaz de vencer muitas vezes a palavra do poder” e “impedir” que a igual dignidade das nações possa “voltar a ser ferida”.
“Tenho esperança que possa ser conseguido se a sociedade civil tiver bem consciente da intervenção que lhe cabe na procura do futuro que possa trazer felicidade, tranquilidade, à população europeia e, principalmente, à nossa de Portugal”, desenvolveu.
Na publicação com a chancela das Edições Almedina, o autor também refere-se a “outro dos defeitos” da Europa que é “supor que não tem circunstância” e recorda que Portugal não pertence apenas à União Europeia.
O professor Adriano Moreira observou que a circunstância de Portugal é fazer parte da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), das Nações Unidas e do Instituto Internacional da Língua Portuguesa e “não pode ter como ideologia o orçamentalismo”.
A obra foi apresentada hoje pelo cardeal-patriarca de Lisboa que destacou que o autor é um dos “pensadores mais consistentes e mais longevos” da história e da cultura nacional, no ISCSP - Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas.
“[O professor Adriano Moreira] tendo desempenhado tantos cargos nunca deixou de pensar em grande em termos portugueses e numa perspetiva cristã”, referiu D. Manuel Clemente à Agência ECCLESIA.
O prelado recordou que conhece o autor desde o tempo em que era estudante universitário, “sempre” ganhou com essa convivência que “alarga os horizontes e aprofunda os critérios” com uma marca portuguesa “muito forte” e também universalista, “nada isolacionista”.
D. Manuel Clemente sublinha que o professor universitário foi “sempre muito sensível” ao papel que Portugal tem dado com um “passado que é enriquecido pelo presente”.
“Esta dimensão Atlântica, Índica e do Oceano Pacífico que está na nossa carga genética e cultural responsabilize por criar pontes”, acrescentou o cardeal-patriarca de Lisboa.
CB
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