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Quatro décadas de Teologia na UCP

Luís Filipe Santos
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Director da Faculdade elogia grande exigência na formação académica e também a presença de «muitos leigos»

Na celebração dos 40 anos da fundação da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, o reitor desta instituição, Manuel Braga da Cruz, sublinhou que esta Faculdade já deu ao mundo um Prémio Nobel da Paz, mas também um “grande contributo para a evangeli-zação da cultura portuguesa”. A começar pela primeira geração de professores e graças ao trabalho de muitas pessoas “consolidou-se uma Faculdade de Teologia com grande exigência na formação académica” – disse Peter Stilwell, Director da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa (UCP). Os teólogos ajudam a Igreja a “reflectir-se e a entender-se em tempos que são novos e onde tudo parece estar em alteração à nossa volta”. A 4 de Novembro de 1968, a Faculdade de Teologia da UCP abriu as portas (In: Lusitania Sacra, Tomo I, 1989 – Pág.7) e alguns dias depois (29 de Novembro), o Cardeal Manuel Gonçalves Cerejeira inaugurou solenemente os edifícios da sede da UCP. Passados quatro décadas, esta Faculdade da UCP tem uma geração de professores que saíram dos bancos desta escola. Juan Ambrósio foi aluno e é, actualmente, professor deste estabelecimento de ensino. Em declarações à Agência ECCLESIA realça que é “da casa e cresceu aqui na capacidade ver o mundo na perspectiva cristã”. É com “honra e carinho” que exerce a sua missão da docência na UCP. Sem o contributo da Faculdade de Teologia ao longo destes 40 anos, a cultura portuguesa “não teria sido seguramente aquilo que foi”. Nesta cerimónia, realizada dia 4 de Novembro, em Lisboa, Manuel Braga da Cruz agradeceu também aos fundadores e primeiros professores e, juntamente com o Director da Faculdade, Peter Stilwell, entregou os diplomas aos alunos de Teologia e Ciências Religiosas. “Congratulamo-nos pelo facto de verificar a presença não apenas de candidatos ao sacerdócio, mas a presença de um número significativo de leigos” Apesar de estar nos primeiros passos, pode-se dizer que “já há uma Teologia portuguesa”. E acrescenta: “começa a entrar numa fase de certa adultez”. Os ensaios de teólogos portugueses já existem, mas talvez “tenhamos de ser mais ousados e dizer em voz alta - no meio desta sociedade portuguesa – e dar o nosso contributo para uma cidadania diferente” – salienta Juan Ambrósio. Na construção de uma Europa diferente, a Teologia “tem uma palavra a dizer”. Na presença do cardeal Stanislaw Dziwisz, antigo Secretário de João Paulo II, Manuel Braga da Cruz recordou as palavras do antecessor de Bento XVI: “convidou-nos a articular a fé e a razão” e “a lutar pela descoberta da verdade em todos os domínios”. Reeleito Reitor da UCP recentemente (14 de Outubro), Manuel Braga da Cruz adianta que desde que está à frente da UCP já foi a nove sagrações episcopais de antigos professores da Faculdade de Teologia. A Faculdade de Teologia da UCP tem teólogos reconhecidos internacionalmente. “Não são aqueles grandes nomes que se conhecem em todo, mas são referência para nós e nas comunidades mais próximas”. A tendência é “sermos cada vez mais conhecidos” – afirmou o professor. O Director da Faculdade de Teologia elogia também a presença de “muitos leigos” na Faculdade. “Nós temos um crescente número de leigos – nomeadamente em Ciências Religiosas – que vêm simplesmente pela vontade de aprofundar a sua fé”. Por outro lado, este estabelecimento de ensino iniciou também a experiência do ensino à distância. “Estes leigos não precisam de um título académico, mas um estudo sólido as sua fé”. Nos dois cursos de ensino à distância ministrados pela Faculdade – Síntese Catequética e Iniciação à Doutrina Social da Igreja – “temos cerca de 200 alunos”. Nos centros académicos de Braga, Lisboa e Porto, a Faculdade tem cerca de 500 alunos. A Teologia deverá “ser feita em diálogo e debate” por isso “devemos trabalhar com outras Faculdades do exterior” – aconselha Juan Ambrósio. “Falta-nos o debate interno teológico” que iria enriquecer os membros da Faculdade de Teologia. Por outro lado, a língua portuguesa não facilita muito a divulgação dos ensaios dos teólogos portugueses. “Deveríamos entrar mais nos países de expressão portuguesa porque temos dificuldade em penetrar nesse mercado”. E finaliza Juan Ambrósio: “quando pensamos e escrevemos devemos pensar noutro público que não seja apenas o nosso”.


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