Nacional

Que Missão para Moçambique?

Octávio Carmo
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A cidade do Porto tem recebido desde o dia 8 de Maio e até amanhã uma exposição sobre Moçambique da autoria de Sérgio Cabral, dos Leigos da Boa Nova, com fotografias e etnografia moçambicanas, pretendendo divulgar as realidades de um país de contrastes e também causar uma sensibilização para a causa missionária. Patente ao público no “Espaço Moçambique”, a iniciativa combinou espaços culturais com momentos de animação missionárias nas paroquias vizinhas, como refere à Agência ECCLESIA o próprio Sérgio Cabral. “Neste espaço cultural passou muita gente que conheceu Moçambique por lá ter vivido, e notou-se uma abertura notável por parte de todos os que visitaram a exposição”, assegura. A iniciativa incluiu o colóquio “A missão em Moçambique, ontem e hoje”, com a presença do Pe. José Maria, missionário em Moçambique, Pe. António Couto, Superior Geral da Sociedade Missionária da Boa Nova e Paulo Castanheira, secretário-geral dos Leigos Boa Nova. O debate, que lotou a sala, falou de percursos missionários que passaram pelas prisões, pelo testemunho do silêncio e do trabalho junto das populações. Para o futuro, fica o desafio de saber se a mostra ajudará a congregar mais forças em torno dos projectos missionários em Moçambique. Sérgio Cabral admite que “a exposição tem tido um grande impacto nos sítios onde está, sensibilizando as pessoas para um outro mundo, para os laços de amor que há no trabalho missionário”. “É uma semente”, diz, esperançado. Ajudar Moçambique Paulo Castanheira, secretário-geral dos Leigos Boa Nova, explica à Agência ECCLESIA que “o nosso trabalho fundamental é o trabalho no terreno, ajudando as pessoas mais desfavorecidas”. Com seis voluntários em África e um grupo de quinze candidatos em formação para partir dentro de meses, este grupo de voluntários cristãos, membros da organização não-governamental de desenvolvimento OMAS (Obra Missionária de Acção Social), procura melhorar as condições de vida na cidade de Pemba (Moçambique), intervindo na educação e na acção social. “Grande parte das fotografias são exactamente de lá”, acrescenta. O trabalho de sensibilização para esta realidade passa pela ligação concreta e visível, como nesta mostra, às equipas que estão no terreno. A exposição já esteve exposta ao público em Loureiro (Oliveira de Azeméis), Valadares (V.N. Gaia), Santa Maria da Feira, Sta. Joana (Aveiro) e na Sertã. A ida ao Porto serviu esse objectivo de mostrar uma outra face de Moçambique ao maior número possível de pessoas. “Se não houver sensibilização não conseguiremos obter os fundos necessários para sustentar estes projectos, apesar de neles trabalharmos em regime de voluntariado”, revela. Estes responsável alerta ainda para a necessidade de as pessoas perceberem que a situação no terreno “não se resolvem por si próprias” e brinca com as palavras: “quando as pessoas não têm cana, não as podemos ensinar a pescar sem antes lhes darmos a cana, não é?”.


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