Nacional

Questões sociais desafiam a Igreja

Octávio Carmo
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Portugal marcou presença no I Congresso Mundial dos Organismos Eclesiais que actuam no campo da justiça e da paz

Os Organismos Eclesiais que actuam no campo da justiça e da paz lançaram um apelo a todos os católicos para que se faça conhecer a Doutrina Social da Igreja e a testemunhem com uma acção pastoral coerente. O I Congresso Mundial dessas organizações, que decorreu de 27 a 30 de Outubro, em Roma, juntou mais de 300 agentes, procedentes de 92 países, para debater o tema “Anunciar o Evangelho da Justiça e da Paz”. Entre os participantes encontrava-se Manuela Silva, da Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), que referiu à Agência ECCLESIA sentir-se uma privilegiada por “assistir, pela primeira vez, a um Congresso onde estiveram representados tantos países”. “A Doutrina Social da Igreja foi apresentada como um elemento estruturante da Igreja e isso terá consequências ao nível da formação dos presbíteros, dos leigos, mas também como complemento da própria pastoral, qualquer que seja a área em que ela se situe”, revela. O Cardeal Renato Martino destacou que o objectivo do Congresso foi “encontrar as vias mais oportunas e eficazes para relançar a acção pastoral da Igreja na sociedade”. O presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz (CPJP) anunciou que, no próximo ano, este Dicastério irá publicar um relatório sobre “a pobreza na era da globalização” e efectuará dois seminários de estudo. Ainda no próximo ano, o CPJP publicará um léxico pastoral dos direitos humanos. Os participantes foram recebidos por João Paulo II, que convidou a um “verdadeiro humanismo solidário”, assinalando que “a Doutrina Social é uma parte essencial da mensagem cristã”. “Esta é a hora da caridade, também da caridade social e política”, acrescentou. Recordando que acaba de ser publicado o Compêndio da Doutrina Social da Igreja, João Paulo II salientou que num tempo como o nosso, caracterizado pela globalização das questões sociais, a Igreja precisa de “santos” na área social. Neste sentido, Manuela Silva adiantou que estas perspectivas terão de ser traduzidas na nossa realidade, a nível nacional. A vice-presidente da CNJP salienta que o novo Compêndio “será um instrumento muito útil, quer na formação das pessoas, quer como referência para o comportamento dos cristãos e das suas organizações”. “A fé implica um compromisso na construção de sociedades mais justas e solidárias”, assinala.


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