Nacional

«Radiografia» da vida da Igreja em Lisboa

Patriarcado de Lisboa
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Conselho Presbiteral fala em «informar e formar as comunidades cristãs com precisão e competência sobre a eutanásia»

O Conselho Presbiteral do Patriarcado de Lisboa teve a sua primeira reunião do presente Ano Pastoral nos dias 25 e 26 de Novembro de 2008. A reunião, que se realizou no Seminário de Cristo-Rei dos Olivais, foi presidida pelo Cardeal Patriarca de Lisboa e, associando-se à presidência, os seus bispos auxiliares. Os 35 conselheiros presentes representavam as 15 vigararias da diocese e as estruturas diocesanas de maior relevo, como o Cabido da Sé Patriarcal, a Cúria Diocesana e outros organismos de carácter pastoral. Da Agenda da reunião constavam dois pontos: A Preparação da Assembleia do Presbitério de Lisboa, em 28 e 29 de Janeiro de 2009 em Fátima, e a informação sobre o andamento do Programa Pastoral para o ano em curso: Ano Paulino e Palavra de Deus. Na sua palavra introdutória, D. José da Cruz Policarpo referiu a importância da Agenda do Conselho Presbiteral e anunciou a actualização dos estipêndios de missa, acordada a nível da Província Eclesiástica, que reúne nove dioceses portuguesas do Centro e Ilhas, a que preside o Patriarcado de Lisboa. Passando à ordem de trabalhos proposta, os sacerdotes presentes comunicaram ao Conselho a reflexão feita, nas estruturas que representavam, sobre a Assembleia do Presbitério de Lisboa, seus pressupostos, conteúdos e metodologia a seguir na sua preparação. Da partilha que a tal respeito fizeram os Conselheiros, referente à situação da diocese e à vida e missão dos sacerdotes, ressaltaram algumas observações, umas de carácter mais avaliativo, outras destacando os desafios que o Patriarcado e os seus padres enfrentam. Em termos de avaliação, cruzaram-se aquelas que se designaram como positivas e a aprofundar, e aquelas que na sua intenção e forma necessitam de revisão e mesmo mudança. Assim, entre as primeiras, registou-se o apreço motivador dos documentos do Magistério da Igreja, com particular realce para os escritos do Cardeal Patriarca de Lisboa; o reconhecimento dum maior empenho do laicado na vida interna das paróquias e no apostolado, embora seja ainda reduzido e incipiente a sua presença actuante, enquanto cristãos, na vida social e política; maior frequência às celebrações litúrgicas, particularmente em dias laborais; um manifesto desejo de aprofundamento espiritual; um crescente sentido de comunidade, expresso em diferentes situações que chegam a envolver a partilha de bens; um voluntariado missionário que abre horizontes à prática da solidariedade; prosseguimento do espírito e propostas vividas no Congresso Internacional para a Nova Evangelização e outros dados que alicerçam a esperança numa Igreja que, nalguns lugares, “é a única referência de segurança e estabilidade”. Quanto às segundas, os aspectos tidos como negativos, apontaram-se os seguintes: uma deficiente comunicação entre o todo da diocese; grande variedade de Movimentos e serviços nas paróquias e a nível diocesano, o que leva à dispersão pastoral com reflexos na espiritualidade e suas diferentes expressões; falta de preparação para fazer chegar às comunidades a doutrina tal como o Magistério a dita. Mereceu uma atenção particular a situação dos padres na sua condição de cooperadores do bispo na missão pastoral da Igreja do Patriarcado. Neste sentido, o Conselho coincidiu nos aspectos mais sensíveis, e a ter em conta, na vida e acção dos padres com funções pastorais: O carácter colegial do Presbitério; aformação permanente dos padres; a vivência sacramental e espiritual; as relações dos padres com as suas comunidades e com a sociedade em geral; o pluralismo dos sacerdotes, como pessoas, e nas condições sociais e pastorais em que estão inseridos; a revisão regular da orgânica pastoral da diocese, v.g. Vigararias, de modo a contribuir para uma vida pastoral mais coesa e fecunda. A Assembleia do Presbitério de Lisboa está em fase de preparação, a cargo duma comissão executiva, de oito elementos, a quem se confiaram os contributos do primeiro dia da reunião deste Conselho, para que sejam considerados na configuração do Programa da Assembleia. Neste quadro da preparação, deram-se diversas informações de natureza logística. A encerrar este ponto da Agenda, o Cardeal Patriarca teceu oportunas considerações sobre a história do presbitério de Lisboa: evolução, tempos mais assinaláveis e situação actual. Ano Paulino e Palavra de Deus Passando às duas actividades mais marcantes do Programa Diocesano de Pastoral (Ano Paulino e Palavra de Deus), os membros do Conselho deram, em primeiro lugar, o seu parecer sobre a forma como elas estão a desenvolver-se. Quanto ao Ano Paulino, constata-se uma aceitação geral das orientações diocesanas, pela multiplicação de grupos de reflexão e oração à base das “catequeses” propostas no livro “Um ano a caminhar com S. Paulo”, editado expressamente para a vivência do Ano Paulino. Além disso, registou-se a afluência de muitos cristãos que peregrinam aos Santuários Jubilares do Patriarcado, sobretudo às igrejas paroquiais que têm S. Paulo como orago, uma em Lisboa e outra na Malveira. Finalmente, foram dadas informações de ordem prática acerca da Peregrinação a Roma (Basílica de São Paulo fora de muros) que o Patriarcado está a organizar para Maio próximo, sob a presidência do Cardeal Patriarca. Quanto à Palavra de Deus, dada a sua inspiração primeira que foi o recente Sínodo dos Bispos, D. Anacleto Oliveira, um dos bispos portugueses, delegados do Sínodo, depois de fazer um historial dos Sínodos na dinâmica pastoral da Igreja pós-conciliar, forneceu dados relativos à constituição e ao desenrolar dos trabalhos deste Sínodo de 2008, partilhando com os Conselheiros a apreciação que lhe mereceram múltiplas intervenções na Aula Sinodal, e sublinhou as passagens de maior densidade doutrinal e pastoral, que farão certamente parte da Exortação Apostólica, a publicar mais tarde. Tais passagens estão de certo modo contidas, em termos de comunicação universal ao Povo de Deus, na Mensagem do Sínodo: a Voz da Palavra: a Revelação; o Rosto da Palavra: Jesus Cristo; a Casa da Palavra: a Igreja; os Caminhos da Palavra: a Missão. Por proposta do Cardeal Patriarca, será editada uma brochura com os documentos mais interessantes que já foram editados, pelo menos on-line, entre os quais a Mensagem do Sínodo ao Povo de Deus, que já havia sido distribuída aos Conselheiros. A última parte da reunião foi consagrada às “intervenções livres” dos participantes que começaram por fazer uma revisão ao andamento da aplicação das Normas Diocesanas sobre a Iniciação Cristã que foram decretadas no último Dia da Igreja Diocesana. Da revisão feita, resultou o reconhecimento duma dinâmica generalizada para as pôr em prática, não obstante dificuldades e mesmo resistências, fruto de hábitos que só com o tempo se erradicarão. Foi então sublinhado o carácter canónico-pastoral das Normas e sugerida como prioridade, a formação das comunidades para assimilação das mesmas, com especial incidência na catequese da iniciação cristã. Toda esta orientação, cuja prática é difícil, como se reconheceu, fundamenta-se na procura duma Igreja que seja reconhecida pela sua autenticidade. Para finalizar, o Conselho deu ainda especial atenção a três assuntos: As celebrações do 50º aniversário do Monumento a Cristo Rei, em 16 de Maio próximo, marcadas por gestos simbólicos, significativos da cooperação entre as Igrejas de Lisboa e de Setúbal, pois o Monumento na altura da sua inauguração pertencia a território da diocese de Lisboa, e hoje, por criação da diocese de Setúbal, desmembrada do Patriarcado em 1975, está implantado no território da nova diocese; Outro assunto, a situação económica e financeira que o mundo atravessa e que está a criar focos de pobreza a que a Igreja se dispõe a continuar atenta e activa, sem esquecer que, pela sua missão profética é chamada a enunciar os caminhos para a superação, entre nós, duma crise sobretudo financeira, gerada por factores de muito pouca clareza ética; A terceira questão, relativa à aceitação da eutanásia, hábil e persistentemente defendida nos últimos tempos junto da opinião pública, ressaltou a necessidade de informar e formar as comunidades cristãs com precisão e competência. A reunião do Conselho Presbiteral terminou com uma palavra do Cardeal Patriarca agradecendo aos sacerdotes presentes o trabalho realizado.


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