Nacional

Receber para dar no voluntariado

Jornal da Madeira
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Um encontro dirigido aos jovens, com a colaboração de vários conferencistas, decorreu ontem à tarde no Abrigo de Nossa Senhora de Fátima, em Santo Amaro, numa iniciativa das Dominicanas de Santa Catarina de Sena, e em que se apresentaram diversas propostas sobre a missão voluntária. «O mais importante da vida humana não se compra nem se vende, o essencial está no dar e no receberâ€, sublinhou o Pe. António Rocha Couto na intervenção que fez no painel de jovens sobre o voluntariado. Este especialista em teologia bíblica, professor da Universidade Católica no Porto e actual Superior Geral dos Missionários da Boa Nova, alertou ainda para o facto de o «paradigma do nascimento ou da geração materna» ter sido menosprezado ao longo dos séculos pela mentalidade ocidental, fruto do pensar grego, ou seja, durante muito tempo, «não se reconheceu que nascemos dos nossos pais» e que só era legítimo «aceitar as ideias mortais geradas pelos homens, de tal modo que se entendia que os corpos nasciam para a morte e pouco mais». Esta concepção alterou-se profundamente, mercê de grandes pensadores, como Hanna Arendt, que suscitaram a questão mais compreensível, isto é, «em vez de pensarmos a partir da morte, do medo, por que não começar a viver a partir do nascimento? “Ninguém nasce sozinho, posso morrer sozinho, mas preciso dos meus pais para existirâ€, daí vem o paradigma de receber a vida para também a darmos, de graça». Em síntese, «sermos mães, irmãos de uns para outros e criar outros irmãos e outras mães», sublinhou o Pe. António Couto.


Voluntariado missionário