Os escaparates das livrarias registam mais um livro de monsenhor João Gaspar. Trata-se de Recordando uma Peregrinação, em que o autor, sem se preocupar com descrições referentes aos meios de locomoção, como o autocarro, o navio, o avião, o automóvel e o camelo, põe em comum com os seus leitores o que mais o impressionou em “locais santificados pela presença de Cristo”.
Monsenhor João Gaspar, que tem a capacidade rara e a visão necessária para registar por escrito as suas vivências, para uso pessoal, mas não só, oferece-nos agora um conjunto de textos que nos ajudam “a manter viva a alegria da presença bimilenária de Jesus Cristo no meio de nós”, como se lê na Explicação de abertura.
Foi no Verão de 1966 que monsenhor João Gaspar teve a felicidade de realizar a peregrinação à Terra Santa que muito o marcou e cuja descrição fez questão de publicar, de 7 de Outubro do mesmo ano a 28 de Abril de 1967, no Correio do Vouga, por sugestão do então director, padre Manuel Caetano Fidalgo. E é de supor que a leitura desses textos tenha influenciado muitos cristãos a seguirem os mesmos passos, na busca do mesmo Senhor.
Este livro que se lê depressa, ou mais demoradamente se meditado, poderá estimular os seus leitores a experimentarem ao vivo o mesmo que monsenhor João Gaspar experimentou. Daí a recomendação que dirigimos a todos, para que se deliciem com a obra Recordando uma Peregrinação.
A primeira parte do livro é toda ela dedicada à reportagem, onde registos sobre S. Paulo e impressões sobre Atenas, Chipre, Egipto, Síria, Jordânia e Israel nos mostram a sensibilidade do autor, mas também o rigor histórico e os conhecimentos bíblicos que possui, num desafio à nossa imaginação e à nossa memória, por vezes mais literária do que vivenciada in loco.
A segunda parte, de meditação, é um convite ao encontro com o Filho de Deus que monsenhor João Gaspar foi (re)encontrar, em terras por onde Ele andou e cujos sinais ali hão-de perdurar por todos os tempos. Agora são os textos bíblicos os mais presentes neste livro, do antigo e do novo testamento, numa simbiose perfeita entre o rigor dos livros sagrados e a espiritualidade do autor, enriquecida esta por uma vida profundamente meditada na procura constante do Mestre dos mestres.
Ao ler mais este trabalho de monsenhor João Gaspar, não pudemos deixar de sentir as emoções que o autor vivenciou ao calcorrear terra abençoada, o olhar perscrutante do historiador na apreciação que fez de monumentos e paisagens que testemunham e testemunharam o próprio Cristo, a alma sedenta da água viva que um dia Jesus ofereceu à samaritana.
E no fim da viagem, o autor de Recordando uma Peregrinação não deixou de reconhecer que ficou assinalado por “um profundo vinco na alma, que o tempo não apagará”.