Nacional

Referendo sobre o aborto «não é uma batalha perdida»

Paulo Gomes
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A Europa hostiliza culturalmente os cristãos

Os cristão europeus, particularmente no centro da Europa, apesar de «gozarem de liberdade religiosa» acabam por ser condicionados nas suas práticas por uma forte «hostilidade cultural», denunciou na noite da passada segunda-feira, em Viana do Castelo, o eurodeputado Ribeiro e Castro, sublinhando que está em curso uma «guerra civilizacional». Falando na “Escola” dos Cursilhos de Cristandade, aquele político apelou aos membros do movimento que façam rede com «os irmãos daqueles países», em particular da França e da Bélgica, para lhes dar animo e os reconfortar na fé que lhes permita persistirem enquadrados num ambiente da profunda «descristianização», senão mesmo, «ateisação». Ribeiro e Castro entende que este «condicionamento cultural» repressor, ainda que sem a existência de «perseguições» configura um clima que «não é de liberdade religiosa». Ribeiro e Castro trouxe a sua experiência de parlamentar no coração da Europa explicando que existe «uma tensão com a Igreja Católica pelo facto de esta estar “sozinha” no terreno da defesa de alguns valores», em particular a família e a vida. Aliás, as grandes «batalhas» que se aproximam prendem-se com estas temáticas e com as uniões ou casamentos homossexuais. «O facto da Igreja ter posições definidas [nestas matérias] coloca-a na linha de fogo de grupos activistas», sobretudo os ligados à problemáticas da vida que defendem a “liberdade de escolha” e da homossexualidade como a ILGA – International Lesbian and Gay Association. Estes grupos organizam o lobbing aproveitando a «obscuridade» dos corredores da União Europeia para fazer chegar mais longe as suas posições, enquanto a Igreja continua a manifestar imensas dificuldades em levar mais longe a mensagem nestes contextos. Estes «artistas do vocabulário», como Ribeiro e Castro os classificou “embrulham” sob a capa de saúde ou educação as suas propostas quando na prática o que querem é que, por exemplo, a liberalização do aborto seja uma realidade ainda mais abrangente do que as já permissivas leis por essa Europa fora. A Constituição Europeia e a referência ao cristianismo como matriz fundadora esteve também presente na explanação de Ribeiro e Castro. Este documento que configura «um grande passo» e uma «nova etapa» desta comunidade seria de todo importante que «registasse aquilo que é matéria de propor como identidade europeia», disse aquele deputado considerando que «não é possível descrever a Europa separada do cristianismo» e, portanto, «parecia normal que esta raiz fizesse parte». À volta de «uma pequena questão» gerou-se um «problema de todo o tamanho» que levou ao «apagão» de todas as referências ao cristianismo naquele documento, numa acção sempre encabeçada pela França que depois levou outros a reboque, explicou. Apesar disso, a Santa Sé é a favor da Constituição Europeia, aliás, disse Ribeiro e Castro, a posição é consentânea uma vez que a «unificação europeia é possível graças ao papel do Papa João Paulo II, nomeadamente a queda do muro». Depois de um forte debate e dura batalha «ficou consagrado», na Constituição Europeia, o «reconhecimento do estatuto das igrejas», que era uma preocupação da Santa Sé. A «batalha» do referendo sobre aborto Passando para o plano nacional, Ribeiro e Castro não dúvida que a discussão do aborto esteja para «breve», a seguir venha a questão do casamento homossexual e depois a eutanásia, embora pressinta que o partido do Governo não quisesse mexer nessas coisas, contudo «o Bloco de Esquerda dá o toque e o PS vai a reboque». Na leitura deste eurodeputado, «o debate do aborto [em Portugal] anda é muito feito contra a Igreja, numa visão jacobinista», fruto de uma «cultura republicana rançosa». O curioso, disse, é que quando não sabíamos quase nada acerca da vida intra-uterina, a lei proibia que se matasse, hoje que tudo se sabe e acompanha quer-se a liberdade total. Relativamente ao referendo nacional sobre a matéria, Ribeiro e Castro diz que não é uma «batalha que dê como perdida», porque á que trabalhar para denunciar que o que está em causa é um «atentado à vida»


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