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«Reis» de Braga saem à rua

Câmara Municipal de Braga
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Mais de uma dúzia de grupos participa domingo (8 de Janeiro), no grande auditório do Parque Municipal de Exposições de Braga, na décima nona edição do Encontro de Grupos de Reis do Concelho de Braga. A iniciativa, promovida Pelouro Municipal da Cultura, acontece a partir das 15h00, altura a partir da qual sobem ao palco os catorze agrupamentos inscritos para o efeito. Nesta edição participam o Grupo Folclórico dos Professores de Braga, Agrupamento n.º 1 da Sé do Corpo Nacional de Escutas, Grupo Folclórico de Gondizalves, CABçudos, Grupo Folclórico do Catel de Cunha, Canto d’Aqui, Grupo de Reis Nuno Álvares, Banda Musical de Cabreiros, Coro Real do Conservatório de Música Calouste Gulbenkian, Associação Cultural e Recreativa “Semear Alegria”, Teatro Jovem do Centro Cultural de Real, Grupo Coral de Tenões, Grupo Típico “Voz do Povo” e Grupo Folclórico da Casa do Povo de Lomar. A par deste encontro, vários grupos dão corpo a uma iniciativa paralela, ou seja, o “cantar dos reis e janeiras” na rua e junto de instituições da cidade. Inicia-se a 7 de Janeiro, às 15h00, com o Rancho Folclórico de Adaúfe no Lar Conde de Agrolongo; com o Grupo Arco Íris no Centro Paroquial de Sobreposta; o Grupo de Jovens Unidos de Nogueira no Centro Social Padre David de Oliveira Martins (Ruilhe); o Grupo Folclórico Gonçalo Sampaio no Lar da Senhora da Misericórdia (Santa Tecla); e com o Grupo de Músicas e Cantares dos CTT/Braga no Lar da Senhora da Misericórdia (16h00, D. Diogo de Sousa). Continua no dia 8 de Janeiro, às 15h00, com o Centro Cultural “Origens” (Fradelos) no Estabelecimento Prisional de Braga; com o Coral da Associação dos Antigos Alunos da Escola Industrial e Comercial de Braga na Associação de Assistência de São Vicente de Paulo; no dia 14 de Janeiro, às 17h00, com o Orfeão de Braga no Centro Social da Paróquia de São Lázaro; com o Grupo de Jovens “Alvorada” no Instituto Monsenhor Airosa; e, no dia 15, às 15h30, com a Universidade Bracarense do Autodidacta e da Terceira Idade no Patronato de São Pedro de Maximinos. Quanto às actuações na rua, elas vão acontecer na tarde de 7 de Janeiro em vários pontos do centro da cidade, através do Grupo Folclórico da Cruz Vermelha/Braga, Rancho Folclórico de Nogueira e da Rusga de São Vicente. O “cantar de reis” é uma tradição associada à quadra natalícia, cujas origens remontam a antiquíssimas celebrações universais do solstício de Inverno, tendo em conta que o sol, enquanto elemento central de todas as cosmogonias antigas, foi objecto de inúmeras cerimónias, ritos e cultos. Em pleno séc. IV, a igreja católica aproveitou a festa pagã do nascimento do sol invencível e colocou o nascimento do Salvador nesta data particular do calendário anual, por forma a aproveitar uma época propícia à difusão da boa nova de um natal cristão. Daí a razão porque o natal é uma festa que junta ingredientes religiosos e profanos. A “adoração do menino Jesus”, com missas e presépios, é acompanhada de lautas consoadas, troca de prendas, bailes e fogueiras. O epílogo deste ciclo festivo dá-se com a “festa dos reis” que, segundo a tradição, seriam Gaspar, Baltasar e Belchior, e que vieram do Oriente adorar o Messias, a quem ofereceram ouro, incenso e mirra. A origem, número e condição destas figuras é nebulosa, como nebulosa é a descrição nos textos bíblicos da estrela de Belém. A astronomia não sabe ainda hoje explicar a natureza do astro que guiou estes reis magos até à gruta de Belém. A cristandade glosou esta simbologia real (o encontro de um rei espiritual com reis temporais) através de múltiplas representações, como é o caso dos “encontros de reis”, das contradanças dos “bailes dos reis” e das “reisadas”, para além, claro está, dos tão típicos e populares presépios. Do mesmo modo, as “janeiras” são cantigas de boas-festas e loas ao menino Jesus, com vigência entre o natal e os “reis”. Não é fácil determinar a origem deste costume, que faz com que grupos de músicos e cantores percorram os lugares com luzernas para assinalarem a sua presença e a sua intenção pacífica. Ainda não há muitos anos os patrões convidavam a tocata para um repasto à base de frutos secos (nozes, pinhões e figos) e vinho, frequentemente de grande teor alcoólico (vinho branco, vinho fino ou jeropiga), para acudir aos rigores do frio. Este costume está, contudo, a ser descaracterizado, uma vez que os cantadores de “janeiras” estão a trocar a “ceia das janeiras” por um contributo pecuniário, desaparecendo da tradição a sua imensa carga simbólica, isto é, o significado da comida natalícia, o canto do renascimento espiritual e temporal e a razão cosmogónica da festa solsticial. Câmara Municipal de Braga, 3 de Janeiro de 2006 P’ O Gabinete de Comunicação, (João Paulo Mesquita)


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