As confissões religiosas da zona de Lisboa juntaram a sua voz ao coro mundial de oposição a uma eventual guerra no Iraque, pedindo, através da oração, um entendimento que privilegie a via do diálogo.
Ao mesmo tempo, nos Açores, os líderes dos EUA, Grã-Bretanha e Espanha afinavam, na presença de Durão Barroso, os últimos pormenores do ultimato militar ao regime de Saddam.
Em declarações à Agência ECCLESIA o Pe. Peter Stilwell, responsável pelo Departamento do diálogo inter-religioso e representante do Patriarcado de Lisboa no encontro de oração, explica que “as várias tradições religiosas acreditam que a oração é uma força importante a nível espiritual, que consegue de Deus coisas que são inesperadas. Poderá não ser o evitar da guerra, mas esta movimentação das consciências pode representar um passo no amadurecimento das populações na recusa da violência como solução para os seus problemas”.
Esta intenção esteve presente desde a mensagem introdutória, onde as religiões representadas mostravam o desejo de “intervirem na gestação de um mundo de paz, onde sejam uma solução para os grandes problemas mundiais”. As muitas centenas de participantes cantaram, rezaram e aplaudiram, aplaudiram muito, sobretudo quando se disse que a guerra “é uma derrota para a humanidade”.
O Pe. Peter Stilwell afirma que a sua intervenção teve como primeiro objectivo “realçar que há critérios muito claros por parte da Igreja Católica para definir a legítima defesa”, que não se encontram preenchidos nestas circunstâncias. “Moralmente esta guerra é injustificada”, afirma com convicção. A “Oração de São Francisco” foi escolhida como símbolo da “loucura evangélica” de amar os inimigos, que se identifica com uma cultura de “não-violência”.
Os presentes lembraram que a paz é um valor inestimável e que uma guerra sem o apoio da ONU será trágica para a humanidade. A mensagem final advertia que “o século XXI não pode repetir os erros do século XX e derramar o sangue de milhares de inocentes.” Entre as orações, cantos e discursos da tarde, vale a pena destacar o que lembrava o Sheik David Munir, representante da comunidade islâmica: “os muçulmanos sabem o que é a paz!”, e o apelo de Paulo Borges, da União Budista, ao “desarmamento interior”.
O encontro inter-religioso teve lugar dia 16 de Março, no pavilhão n.º 4 da FIL, e para além das intervenções referidas houve a participação de representantes da Conferência Portuguesa das Igrejas Cristãs, da Igreja Ortodoxa, da Comunidade Ismaeli de Lisboa, da Comunidade Baha’i, da Comunidade Hindu e da Comunidade Israelita de Lisboa.