Nacional

Religiosos católicos acusam autoridades moçambicanas de impedirem a investigação do tráfico de pessoas em Nampula

Octávio Carmo
...

Conheça todos os factos e protagonistas destes casos

A missionária brasileira que denunciou a existência de tráfico de órgãos humanos em Moçambique, Elilda dos Santos, falou ontem aos jornalistas portugueses para reafirmar que os religiosos e religiosas católicos nesse país “têm factos concretos de que existe um tráfico (de órgãos humanos) a nível internacional e identificou um casal que está directamente relacionado com o tráfico de pessoas, que é sul-africano”. “Está muito claro que há conivência das autoridades locais em relação a este crime. Há claramente uma protecção, por parte do governador-geral de Nampula, a este casal sul-africano”, acrescentou. Numa conferência de imprensa promovida pela Comissão Justiça e Paz dos Institutos Religiosos (CNIR e FNIRF), na Casa Provincial dos Missionários do Verbo Divino em Lisboa, Elilda dos Santos disse que não foi expulsa oficialmente de Moçambique, mas confessou ter sofrido muitas pressões para abandonar o país. A missionária brasileira, que esteve acompanhada pelo Pe. Valentim Gonçalves, da Comissão Justiça e Paz dos Institutos Religiosos, e pela Religiosa Comboniana Maria do Carmo Ribeiro, lembrou todo o processo que levou às denúncias junto das autoridades locais, provinciais e federais, elencando os sinais que confirmaram as suas suspeitas. No decorrer da sua intervenção, criticou as autoridades moçambicanas que, segundo afirma, estão “a tentar calar as famílias das vítimas”. Elilda dos Santos vai ao Parlamento Europeu, na próxima segunda-feira, apelar ao apoio da União Europeia na investigação destes casos. Na conferência de imprensa Elilda não quis especificar o modo como decorrerá a audiência pública em Bruxelas, dizendo apenas que “espera muito da União Europeia no apoio não só a Moçambique, mas também a outros países africanos”. A confirmar a importância desta voz para o esclarecimento de todo o processo ficou a presença, entre os que ouviam Elilda dos Santos, do eurodeputado Ribeiro e Castro – que, juntamente com Carlos Lage, tinha solicitado em Março ao Parlamento Europeu uma tomada de posição sobre os casos do alegado tráfico de menores e órgãos humanos em Moçambique. Apesar do crescente número de denúncias e do aumento do interesse da comunicação social internacional, a missionária brasileira garantiu que a situação em Nampula “tem vindo sempre a agravar-se”. A cronologia dos factos • Igreja Católica em Moçambique apresenta os casos que denunciou ao presidente Chissano Posição do presidente da Conferência Episcopal Moçambicana • STOP ao crime de tráfico de órgão humanos Os comunicados dos Religiosos em Moçambique • Ameaças não travam Igreja em Moçambique • Religiosos pressionam comunidade internacional a intervir em Moçambique • 150 mil assinaturas exigem investigações mais profundas em Moçambique Diocese de Nampula • Comunicado da Igreja Católica de Nampula Comunicado dos Religiosos em Portugal • Tráficos em Moçambique Diocese de Nacala • Diocese de Nacala, em Moçambique, toma posição sobre o tráfico de órgãos Negação das autoridades • Procuradoria Geral da República de Moçambique diz que não há tráfico de órgãos humanos no país • Não há provas de tráfico de órgãos, garante presidente de Moçambique Reacções da UE • Novos desenvolvimentos na investigação sobre o tráfico de órgãos em Moçambique • Comissão Europeia toma posição sobre tráfico em Nampula • Europa segue com atenção o tráfico de órgãos humanos em Moçambique


Moçambique