Nacional

Relíquias de Santa Teresinha cativam Portugal

Pe. Alpoim Portugal
...

As Relíquias de Santa Teresa do Menino Jesus visitarão muitas localidades das 20 dioceses portuguesas, desde o dia 28 de Outubro até dia 16 de Dezembro deste ano de 2005. A visita foi preparada e vai ser acompanhada de numerosos actos culturais e religiosos. Oito anos depois de ter sido proclamada Doutora da Igreja, Santa Teresinha, nome pelo qual é mais conhecida, continua a ser muito actual: bastaria enumerar os muitos estudos que continuam a ser feitos à volta da sua figura e mensagem; também o cinema se interessa por esta pessoa tão singular, baste recordar aqui o último filme estreado no ano passado, Thérèse. Uma jovem comum com uma alma extraordinária, do director Leonardo Defilippis. Os seus restos mortais (as Relíquias), guardados num belíssimo relicário com um peso total de 132 kg, realizado no Brasil, vêm visitando as comunidades cristãs do mundo inteiro desde 1994. À sua volta está a produzir-se um fenómeno inexplicável para o qual não existe comparação. Multidões de fiéis aproximam-se dela para a venerarem e receberem dela, se possível, uma dessas pétalas desfolhadas das rosas que prometeu derramar sobre a terra quando chegasse ao Céu: estas cenas repetem-se em países como os Estados Unidos, Filipinas, Iraque ou Rússia; Taiwan, Bósnia-Herzegovina, Nova Caledónia ou Tahiti. É surpreendente como esta jovem freira, carmelita descalça do carmelo de Lisieux onde viveu desde os 15 anos até aos 24, donde não saiu até ao dia da sua morte, 30 de Setembro de 1897, não deixa de viajar nestes últimos anos pelos cinco continentes. São admiráveis os imensos testemunhos que nos chegam desde todas as partes. São imensas as filas que se formam, com quilómetros de comprimento, com longos tempos de espera, às vezes sob condições climatéricas bem adversas: nada faz arredar a quem, por vezes, teve que percorrer longas distâncias para dar uma vista de olhos durante breves minutos sobre esta jovem santa, Padroeira das Missões. Estas Relíquias, como as Relíquias de todos os santos e santas, apenas actualizam a vida da Santa de Lisieux como um anúncio ressuscitado do Reino. A primeira e mais importante relíquia deixada por Teresa para o nosso mundo foi, certamente, aquela que apareceu em 1898, um ano após a sua morte de tuberculose, quando as suas Irmãs Carmelitas de Lisieux publicavam a História de uma Alma entre o cepticismo interior e exterior ao Carmelo. Para a maioria das carmelitas de Lisieux Teresa não passava de uma religiosa normal e alguma chegou mesmo a afirmar, ao ver os primeiros exemplares que chegaram ao Carmelo para serem distribuídos que, nesse Inverno não passariam frio porque haveria muito papel para queimar na lareira do convento. A verdade é que os 2.000 exemplares se esgotaram em apenas seis meses e nos finais de 1999 estava vendida a segunda edição de 4.000 exemplares. Logo a seguir vieram as traduções para várias línguas e as sucessivas edições. Em Portugal fizeram-se algumas edições da História de uma Alma (só as Edições Carmelo já vão na terceira) e das Obras Completas (Edições Carmelo já publicou uma segunda edição). A presença das Relíquias de Santa Teresinha, entre nós, tem como único objectivo reavivar o fogo da sua palavra entre nós, para que ela nos leve até ao Evangelho de Jesus Cristo. A vida de Teresa de Lisieux foi uma verdadeira experiência de luta e de esperança. O Carmelo vai-se-lhe revelando como o lugar privilegiado para o encontro com Jesus. Para lá tinham ido as suas duas irmãs mais velhas, mas Teresa não quer o Carmelo por causa delas; também não foge de uma realidade que lhe pesa, mas deseja encontrar-se com os seus sonhos, com o seu Senhor. Quer chegar a ser santa, ela que iniciou uma corrida de gigante depois da graça do Natal de 1886. Procura amar Jesus, tendo presente no seu coração todos os homens, de todos os tempos e lugares, começando um caminho no qual só Ele será o seu guia. Teresa irá lançar-se a toda a vela pelos mares da confiança e do amor. Oferece-se como vítima de holocausto ao Amor Misericordioso. Porém, contrasta os seus desejos de santidade com a pobreza das suas possibilidades. Em consequência a sua teologia mostra-nos um Deus-mãe, cheio de ternura e misericórdia, de rosto amoroso, sorridente, um Deus a quem não é possível ter medo. O segredo mais precioso que Teresa guarda é a aceitação da sua pequenez e da sua finitude. Finalmente, o amor generoso de Deus revelado em Jesus Cristo ajuda Teresinha a entender a caridade. Para Teresa, o mandamento novo do amor não é um imperativo frio tirado de um código em uso, mas exige de cada crente procurar a vida de Jesus, as suas atitudes, para as assimilar e deixar assim que Ele identifique as nossas vidas com a Sua. Confiamos que a presença de Santa Teresinha, entre nós, seja uma autêntica «chuva» de graças sobre os fiéis que se aproximarão para venerar os restos mortais da Maior Santa dos tempos modernos, Padroeira das Missões e Doutora da Igreja. De momento, a maior graça que poderemos receber é aproximar-nos da sua doutrina, que é fonte de consolação e de esperança para milhões de pessoas em todo o mundo. Pe. Alpoim Portugal, OCD


Santa Teresinha