Ruy Guerra, Cinema em Português Francisco Perestrello 26 de Abril de 2006, às 10:23 ... Tempos houve em que Ruy Guerra foi um cineasta de grande relevo no cinema brasileiro. Um dos autores do "Cinema Novo" realizou três obras importantes do seu inÃcio, "Os Cafagestes", "Os Fuzis" e "Os Deuses e os Mortos", seguindo depois uma longa carreira em que se incluem trabalhos interessantes alternados com outros de fraco valor, de tal forma que rara é a documentação em que constam os seus 25 filmes de longa-metragem. Lembre-se, por exemplo, "Mueda, Memória e Massacre", realizado em Moçambique, sua terra natal, em que é grande a sinceridade posta ao serviço de uma peça popular de natureza polÃtica, mas em que a passagem a filme se limita a um retrato estático, pouco elaborado, que conduz a um resultado final pouco satisfatório. Já nos anos 2000 realizou em Portugal "Monsanto" e "Portugal S.A.", que não atingiram grande relevo e que pertencem à fase mais apagada da sua carreira. Só em 2004, de novo no Brasil, reencontrou, até certo ponto, o equilÃbrio no seu trabalho. Aos 72 anos adaptou pela quarta vez um romance de Gabriel GarcÃa Márquez, desta vez "La Mala Hora", tirando especial partido da natureza da narrativa que se desenvolve em três percursos diferentes, conduzindo a finais distintos sem uma opção clara por nenhum deles como mais genuÃno que os outros. Mesmo sem seguir à risca o original, bem longe disso, Ruy Guerra sabe manter o seu ritmo e ideia central, sofrendo apenas o efeito negativo do pouco entusiasmo de alguns actores secundários, que contrastam com o empenho dos que preenchem os papéis principais. Saúda-se assim o regresso de Ruy Guerra aos ecrãs portugueses e, com ele, mais uma longa metragem brasileira, ainda escassas na nossa distribuição o que dificulta uma ideia global quanto à evolução do cinema nesse paÃs de lÃngua portuguesa. Francisco Perestrello Cinema Share on Facebook Share on Twitter Share on Google+ ...