Nacional

S. Sebastião em cantata

Voz Portucalense
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No próximo Domingo no Europarque, em Santa Maria da Feira

Realiza-se no próximo domingo um acontecimento musical que constitui como que o encerramento solene da celebração dos 500 anos da instituição em Santa Maria da Feira da chamada Festa das Fogaceiras, em honra de S. Sebastião. A Câmara Municipal encomendou ao compositor Cónego António Ferreira dos Santos uma obra que recordasse a história e a figura do mártir S. Sebastião, que goza de tanta devoção popular, de tal forma que é frequentemente designado apenas por o Mártir. A tradição conta que em ano de grande peste a população fez um voto a S. Sebastião se livrasse a terra da peste. O povo manteve a promessa e desde então todos os anos se realiza a Festa das Fogaceiras, que hoje constitui o ex-libris das festas populares feirenses. Para encerramento das festividades (que têm o seu centro em 20 de Janeiro, conforme noticiámos), encomendou o Município feirense uma Cantata ao Cónego António Ferreira dos Santos, que tem por base um libreto da autoria de Carlos Azevedo, na altura ainda Cónego da Sé do Porto (hoje Bispo auxiliar de Lisboa), que conta a história da personalidade e martírio de S. Sebastião, o soldado do imperador Diocleciano convertido à fé cristã, que foi martirizado duas vezes: a do conhecido episódio das setas, a que sobreviveu por acção de uma senhora cristã que lhe tratou as feridas, e depois martirizado pela via da pancada violenta que o imperador lhe mandou infligir. A cantata aparece dividida em três partes: 1) A peste; o voto e a oração do povo; a alegria e festa pela libertação da peste; 2) Recordação e história dos martírios de S. Sebastião; 3) Glorificação celeste do mártir que dá testemunho da sua fé. O projecto, por vontade e sugestão do compositor, pretendeu reunir para a sua realização os agrupamentos musicais existentes no concelho da Feira: Orquestras, professores e alunos de escolas de música e os numerosos agrupamentos corais. Segundo o compositor, trata-se de uma obra difícil, atonal, modal, complicada, por vezes agreste. Foram reunidos coros num total de mais de quinhentas vozes, uns com capacidade de cantar em polifonia, outros colaborando em uníssono. A encenação contempla um palco onde se situarão cerca de 250 actuantes, repartindo-se os restante ao longo da plateia, envolvendo os ouvintes. A formação orquestral será uma orquestra completa, composta por cordas, sopros, metais, percussão, piano e “caelesta” (uma espécie de cravo moderno de sonoridade mais estridente). Participarão ainda três solistas: Maria João Matos, soprano; João Miguel Gonçalves, tenor; e Luís Filipe Marques, barítono. O compositor salienta o carácter pedagógica desta realização, dando a conhecer à população a história de S. Sebastião através de uma composição de música erudita. Reconhece a dificuldade da obra, a salienta o trabalho dos coros, que se esforçaram por conseguir com grande trabalho e empenho a realização do projecto. Pensei em algo que fosse para todos: os coros mais capazes (para as partes a 4 vozes, dos quais foram seleccionados sete) e outras partes mais solenes, cantadas em uníssono por todos os coros – afirma o compositor. O que admira é a disponibilidade dos grupos para a preparação da obra, toda a generosidade e dedicação dos membros dos coros e orquestras. O concerto terá lugar às 21h30, no domingo, dia 24 de Julho, no Europarque. Entrada por convite. Segundo revela Ferreira dos Santos, pensa-se em realizar, até como prémio aos participantes (que actuam graciosamente) o concerto em outros locais, estando prevista a sua realização oportuna na Figueira da Foz.


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