A Santa Casa da Misericórdia do Funchal nasceu a 27 de Julho por carta régia de 1508 estando ligada à Diocese do Funchal. Desde sempre, esteve muito relacionada com a Saúde. Funcionou como hospital até 1975 mas deixou de ter essa função com a nacionalização dos hospitais. Actualmente, funciona com as valências Lar de Terceira Idade e Centro de Dia sob o signo da solidariedade. No dia-a-dia é feito um esforço para gerir as verbas que são, sempre, escassas para a obra.
Desde sempre, esteve muito relacionada com a Saúde. Funcionou como hospital até 1975 mas deixou de ter essa função com a nacionalização dos hospitais, nomeadamente, do Hospital dos Marmeleiros.
A Santa Casa tinha um acolhimento para órfãos mas, na década de 80, a mesa administrativa presidida pelo provedor Eduardo Araújo pensou em mudar o recolhimento para um Lar da Terceira Idade o que acabou por acontecer em finais de 1985, princípios de 1986.
Nessa altura, “uma Irmã da Santa Casa que pertencia à mesa administrativa, Antonieta Ribeiro foi a verdadeira alma do aparecimento deste lar”, explicou o provedor da instituição, Honório Gomes.
A par do provedor, os restantes órgãos sociais funcionam em regime de voluntariado a 100%. O facto de ser aposentado permite a Onório Gomes colaborar a tempo inteiro.
O responsável sublinhou, a propósito que esta obra tem, sempre, em vista a prática da solidariedade e nunca a vertente do lucro. “A nossa casa terá de ser uma casa onde se pratique a solidariedade”, disse. “A Santa Casa não dá lucro, antes pelo contrário, vive sempre numa situação de limite”.
Este lar é inteiramente feminino. Funciona com 31 utentes e seis utentes no Centro de Dia. A maior parte vive da pensão social que é muito baixa. As utentes contribuem com 70%, para além das fraldas e dos medicamentos. A Santa Casa fornece às que não podem.
A instituição conta, ainda, com o apoio da Segurança Social da Madeira que ajuda com 398 euros por cada utente e, 88 euros por utente do Centro de Dia mas, segundo Honório Gomes, estas verbas não são suficientes para cobrir todas as despesas.
Dispõe de algum património mas os processos, ainda, estão por resolver. Por isso, e por enquanto, só pode contar com as rendas de alguns prédios alugados.
Um dos anseios da Santa Casa da Misericórdia do Funchal é poder vir a contar com a ajuda de voluntários no apoio de algumas utentes.
A instituição tem promovido contactos com a Casa do Vo-luntário, neste sentido, tendo inclusive participado na última Feira das Vontades porque, “nós precisamos de dar-lhes (às utentes) vida”, salientou o provedor da Santa Casa, Honório Gomes.
Esta casa precisa, também, de apoio material caso das cadeiras elevatórias por causa das escadas existentes no edifício e de uma carrinha para conseguir dinamizar mas actividades extra-lar. A casa espera conseguir o apoio de alguma instituição, neste sen-tido.
Honório Gomes salientou, a propósito, que a casa tem pedido apoio para o que é mais essencial mas que, muitas vezes, as portas se fecham. “Como são muitos os problemas, temos que ver as prioridades. Fazemos os pedidos, recebemos muitas negas. É preciso muita persistência e muita boa vontade”.
A Santa Casa ambiciona, ainda, criar uma biblioteca no Lar da Terceira Idade. A insti-tuição tem vindo a receber livros, tendo em vista a criação deste espaço.
Paralelamente, a Santa Casa pretende constituir um museu sobre a instituição tendo em conta algum património existente e objectos que foram deixados por antigas utentes.
A ajuda domiciliária é um dos serviços disponibilizados pela Santa Casa da Misericórdia do Funchal.
Este serviço consiste na lavagem e tratamento de roupa na lavandaria da instituição. O serviço cobre os idosos que vivem nas suas casas mas que não têm possibilidades de o fazer, devido à idade.
Para tal, foi celebrado um acordo entre a Santa Casa e a Segurança Social. Esta última encarrega-se de fazer chegar a roupa à Santa Casa e de a levantar e entregar, depois de pronta.
A instituição recebe uma verba de 648 euros, por mês para tratar cerca de 400 a 500 quilos de roupa.
Lar Intergeracional
No âmbito do seu 500.º aniversário, que se assinala em 2008, a Santa Casa da Misericórdia do Funchal espera lançar a primeira pedra do Lar Intergeracional, no espaço anexo ao edifício da Calçada de Santa Clara. Com esta infra-estrutura vai ser possível dar mais condições aos idosos, apoiar crianças órfãos e abandonadas e criar novos serviços.
Alargar o seu âmbito de acção sócio-caritativa é um dos objectivos da Santa Casa da Misericórdia do Funchal. Com as valências Lar de Terceira Idade e Centro de Dia, a instituição pretende criar um Lar Intergeracional misto para acolher mais idosos e, ainda, crianças órfãos e abandonadas.
A Santa Casa pretende lançar a primeira pedra daqui a três anos, no âmbito do seu 500.º aniversário. O novo lar está projectado para um espaço anexo ao edifício da Calçada de Santa Clara que, neste momento, está a ser ocupado pela Escola Secundária do Funchal. A instituição já estabeleceu contactos com a Secretaria Regional de Educação no sentido deste lhe ser devolvido. Com o novo espaço, vai ser possível acolher mais idosos, dispôr de novos serviços e dar outras condições aos utentes.
A Santa Casa espera, também, conseguir mais meios financeiros para dar conta das despesas correntes, nomeadamente, através da resolução dos problemas patrimoniais.
Luisa Vieira, chefe dos Serviços Administrativos é a responsável pela gestão dos dinheiro e sabe bem o quanto é difícil fazê-lo esticar. O seu trabalho é deveras importante, que o próprio provedor, Honório Gomes não teve palavras a medir: “É a alma aqui desta casa”, disse.
Neste momento, o lar da Santa Casa alberga 31 utentes e seis utentes no Centro de Dia. A média de idades é de 78 anos, sendo que 10 das idosas têm mais de 90 anos, o que mostra bem certas dificuldades logísticas, salientou o provedor da instituição, Honório Gomes. Devido à falta de condições, a Santa Casa não recebe idosas dependentes, nem com Alzheimer nem acamadas. Porém, depois de estarem no lar e se chegarem a estas situações, a instituição não as coloca de fora. Neste momento, estão cinco camadas e algumas com Alzheimer, num grau relativamente elevado. O lar está, por isso, a sofrer obras de remodelação, nomeadamente, na adaptação das casas-de-banho de maneira a facilitar o acesso nos cuidados de higiene diários. Por falta de disponibilidade financeira, só agora a Santa Casa pôde avançar com as obras.
Em grande parte dos casos, a integração dos idosos num lar é sempre a fase mais difícil. É o que acontece com as utentes do Lar da Santa Casa da Misericórdia do Funchal.
As idosas vêm de um ambiente familiar em que a família já não consegue tê-las em casa porque trabalha. Mas, sempre que podem, os familiares fazem visitas permanentes aos lar.
Em alguns casos, os idosos viviam sós, por vezes em condições sobre-humanas. Por isso, a integração acaba por se tornar difícil mas todos os funcionários colaboram. “A ideia de uma pessoa idosa entrar num Lar de Terceira Idade nem sempre é fácil de aceitar”, apontou Idalina Santos.
Segundo a responsável pelo lar, em muito ajudam, também, as actividades que são promovidas pela auxiliar de tempos livres. As actividades promovidas procuram assinalar as diversas festividades desde o Natal com a concepção de pequenas lembranças aos Santos Populares.
Da Secretaria Regional de Educação foi destacado um professor do Ensino Básico para ministrar o complemento de escolaridade de algumas idosas ou funcionários. O lar dispõe, ainda, de apoio médico semanal, apoio de enfermagem e de uma psicóloga.
Também, é prestada assistência religiosa, embora a casa não tenha capelão. Em regime de voluntariado, o cónego Francisco Xavier Ribeiro celebra a missa, semanalmente. Periodicamente, uma Irmã do Convento de Santa Clara distribui a sagrada comunhão.
Todos os anos, a 2 de Julho, a Santa Casa da Misericórdia do Funchal comemora o seu dia que assinala, igualmente, a Visitação de Nossa Senhora a Santa Isabel.
Neste dia, será celebrada a missa, seguida de um pequeno convívio com as utentes, familiares e Irmãos da Santa Casa.
A instituição aproveita esta data festiva e realiza um peditório junto dos Irmãos para reverter a favor da instituição pois, apesar de pagarem uma cota anual “é pouco significativa” tendo em conta as despesas que a casa tem, sublinhou o provedor Honório Gomes.
Duas instituições contribuem, anualmente, para o lar, caso da J.B. Fernandes, uma associação americana fundada por um madeirense, que tem vindo a colaborar com esta instituição, ao longo dos anos cujas verbas têm que ser utilizadas na prática da solidariedade, frisou o responsável.
“O problema é que é sempre muito difícil pedir a instituições que nos ajudem porque há boa vontade mas, depois, não há concretização dessa ajuda”, disse o provedor.