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Santa Sé destaca trabalho dos Missionários da Boa Nova

Agência Fides
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A Sociedade Missionária da Boa Nova encontra-se a celebrar o seu 75º ano de vida, motivo pelo qual se celebrou esta semana, em Roma, uma eucaristia presidida pelo Cardeal Crescenzio Sepe, prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos. A Santa Sé quis assim reconhecer o valor do trabalho desempenhado por esta sociedade portuguesa em todo o mundo. Na homilia da cerimónia, o Cardeal Sepe considerou os 75 anos de fundação da Sociedade como “motivo de júbilo e de especial acção de graças, também para a nossa Congregação”. “A missão que o Senhor confiou à sua Igreja, realiza-se quando esta, obedecendo ao mandato recebido e impulsionada pela caridade do Espírito Santo, anuncia o Cristo e dá testemunho d’Ele a todos os homens e em todos os países da terra", explicou. Esta foi a inspiração original da Sociedade - continuou o Cardeal - “e a razão de suas fadigas apostólicas e do futuro ao qual continuam a ser chamados”. O prefeito do Dicastério Missionário recomendou aos sacerdotes e peregrinos presentes: "levai sempre a Boa Nova da Salvação a todos os homens até os confins da terra”. A Sociedade Missionária da Boa Nova (SMBN) foi criada no ano de 1930, preparando-se para comemorar os seus 75 anos de história ao serviço da missão cristã em Angola, Brasil, Japão, Moçambique, Portugal e Zâmbia. A SMBN é uma Sociedade de Padres diocesanos e de Leigos que se consagram por toda a vida à evangelização do mundo: actualmente, tem 130 membros, entre sacerdotes e leigos, presentes em Portugal, Moçambique, Brasil, Angola, Zâmbia e, desde 1998, também no Japão. O Superior Geral da SMBN, Pe. António Couto, lembra na mensagem que escreveu aos membros da sociedade que as celebrações das bodas de diamante têm como lema “75 anos em missão com Ele”. “Queremos que este lema seja verdade na nossa vida. Certamente o foi sendo na vida dos companheiros que nos precederam, e que, com o seu testemunho, por vezes até ao sangue, sabiam que não estavam sozinhos, sabiam em quem tinham confiado, sabiam a quem seguiam no caminho. ‘75 anos em missão com Ele’ é, portanto, uma constatação e uma herança, mas pretende ser também um programa, um desafio, uma provocação para nós, hoje”, aponta. Homilia do prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos Reverendo Padre António José da Rocha Couto, queridos missionários da Boa Nova aqui presentes, e todos vos que os encontrais nos lugares de missão, permitam-me que, com sincera satisfação, vos diga: Muitas felicidades! A celebração do septuagésimo quinto (75°) aniversário de fundação é motivo de júbilo e de especial acção de graças, também para nossa – vossa – Congregação. O Dicastério das Missões vos acolhe hoje com afecto e reconhecimento, no “coração” da sua sede, a capela dos Reis Magos, lugar de onde, em sua secular história, têm sido enviados numerosos missionários e missionárias. Obrigado por estardes aqui, nesta vossa casa, obrigado pela generosa obra que realizais em favor da missão ad gentes. “… saí de Deus e dele venho; não venho por mi mesmo, mas foi ele que me enviou.” (Jo 8,42). Estas palavras do Evangelho que acabamos de ouvir, introduzem-nos – de certo modo – no “coração” da Missão, naquela que é sua fonte original e divina: o Amor de Deus Pai, que se revela na Missão do Filho (“ele me enviou”, “misit”), e na Missão do Espírito Santo. Desígnio universal de salvação, Missão que o Senhor confiou à Igreja e que se realiza quando esta, obedecendo ao mandado recebido e impulsionada pela caridade do Espírito Santo, anuncia o Cristo e dá testemunho Dele a todos os homens e a todos os povos da terra. Não é este, queridos irmãos, o aspecto central de vosso carisma? Não sois vós a resposta concreta que o Episcopado Português quis dar ao dito mandado, quando, com extraordinário zelo apostólico, criou a Sociedade Portuguesa para as Missões Estrangeiras? Esta que foi a inspiração original da Sociedade da Boa Nova, que constituiu a razão de ser de vossas fadigas apostólicas, representa, também o futuro para onde vos encaminhais enquanto chamados. Queridos irmãos, vossa intenção era de assistir hoje à Audiência Geral do Santo Padre, para expressar-lhe vossa filial adesão e receber sua Benção Apostólica. As circunstâncias não o permitiram. Não gostaria, com efeito, que fosseis embora de Roma sem receber uma palavra do Vigário de Cristo. Trata-se de uma palavra recente, publicada em sua última obra “Memória e Identidade”. Em diferentes partes do livro, encontramos repetidas vezes uma das constantes do Pontificado de João Paulo II: a de reafirmar com vigor, mediante a palavra e o exemplo, a “permanente validade do mandado missionário”. O Santo Padre, com palavras ardentes, recorda toda a Igreja que “é absolutamente indispensável uma maior consciência missionária”. Na missão recebida de Cristo, – afirma – a Igreja deve ser incansável. Deve ser humilde e valente, como Cristo e seus discípulos, …, se é acusada de vários modos, por exemplo, de recorrer ao, assim chamado, proselitismo, não deve desanimar”. De onde nasce o imperativo de anunciar a Palavra de Deus?, se pergunta o Santo Padre, “Nasce, é claro, da consciência de que não há abaixo do céu outro nome dado aos homens pelo qual possamos salvar-nos, fora do nome de Cristo (cf. At 4,12)”. Nós todos, chamados pelo Senhor a serviço da Igreja e de sua missão evangelizadora, temos a sublime vocação e a grave responsabilidade de fazer ressoar com força o gozoso anúncio da Boa Nova: Jesus Cristo, “caminho, verdade e vida”, único salvador do homem. Para proclamá-la, precisamos do auxílio constante da graça de Deus, e onde a alcançaremos senão do Sacramento da Eucaristia? Sim, no memorial da Páscoa do Senhor, o Pai continua a nos oferecer o dom da Pessoa divina do Filho, encarnado, morto e ressuscitado para nossa salvação. Queridos irmãos, a Eucaristia deve ocupar o primeiro lugar na vida de cada um de vos e de vossas comunidades, pois dela obtereis a força indispensável para anunciar e dar testemunho de Cristo. O Sacramento da Eucaristia, com efeito, sendo a celebração da Páscoa do Senhor, é, em si mesmo, um evento missionário. Nela realiza-se aquele nexo indissolúvel entre comunhão e missão, que faz da Igreja o “sacramento” de Cristo, a Luz que ilumina todas as nações (cf. Lc 2,32). Queridos Missionários da Boa Nova, como conclusão de vossas celebrações jubilares, dirigir-vos-ei no próximo mês de Junho ao Santuário da Virgem de Fátima, aonde espero ter a graça de vos acompanhar. A ela os confio; à sua materna protecção e à sua mediação – plenamente orientada a Cristo e à revelação da sua salvação – os recomendo. Levai sempre a Boa Nova da Salvação e todos os homens até os confins da terra. A todos transmito a saudação, a oração e a Bênção do Santo Padre. Muito obrigado, e, mais uma vez, muitas felicidades! Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo! Cardeal Crescenzio Sepe


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