Até ao dia 4 de Janeiro, Santo Tirso está transformada na “Capital do Presépio”, ao receber, pelo terceiro ano consecutivo, a Exposição Internacional de Presépios. Este ano, o país convidado é a França e os presépios expostos destacam-se mais pela sua imponência e dimensão – o maior presépio exposto ocupa uma área de cerca de 35 m2 – do que pelo número de exemplares em mostra.
Recorde-se que em 2006 (primeira edição) estiveram expostos cerca de 500 presépios de coleccionadores portugueses e no ano passado foram 200 os presépios em mostra de vários coleccionadores espanhóis.
O átrio dos Paços do Concelho é o palco principal desta mostra única em Portugal mas não será o único local a receber estes ícones natalícios. Outros presépios d vão estar também expostos nos dois quartéis dos Bombeiros Voluntários (cerca de 400) e também nas montras da cidade (150 presépios).
Confraria do Caco
A manutenção e salvaguarda das tradições e do artesanato português está na base da Confraria do Caco. Com 120 membros de Norte a Sul do país, esta organização luta pela “promoção do puro artesanato português e as suas tradições”, explica à Agência ECCLESIA Delfim Manuel, artesão na área da cerâmica e confrade fundador da Confraria do Caco.
A independência económica é base desta confraria, condição que dificulta o desenvolvimento do trabalho realizado, quer na manutenção do artesanato, quer também na pesquisa tradicional.
“Há muitos artesãos que usam moldes e vendem a obra como sendo artesanato”, explica o artesão. É contra esta tendência que a Confraria do Caco luta, perseguindo o método de trabalho que inclui a explicação de técnicas aos compradores. Lutas mais ou menos intensas com forme o ponto geográfico de Portugal. “As tradições são mais fáceis de manter a Norte. Os confrades a Sul registam maiores dificuldades, ao ponto de considerarem que estas exposições são apenas possíveis de realizar a Norte”.
Apesar da dificuldade em manter as tradições, Delfim Manuel afirma que o mercado do artesanato não está em crise. “Muitas pessoas compram, não só do círculo de coleccionadores, que acaba por ser um círculo mais restrito. Se o produto for de qualidade, o artesanato tem mercado”.
A Exposição Nacional de Presépios, patente na Câmara Municipal, nas lojas de comércio tradicional e nas corporações de Bombeiros “é uma forma de envolver o público na preservação da cultura e na busca do essencial do Natal”.
À semelhança da primeira edição, a organização desafiou crianças do 1.º ao 9.º ano de escolaridade a elaborarem presépios, que estão também na mostra. “A partir das crianças, chegamos às escolas e aos pais também. Este ano houve um aumento de participação, comparativamente à primeira edição, e contamos que no próximo ano o número aumente”.
Em 2009 a organização quer envolver também as paróquias do concelho. Delfim Manuel acredita que esta iniciativa estará no auge daqui a dois anos, “quando todas as paróquias e as escolas estiveram envolvidas”.
Este ano, a exposição compreendeu também uma conferência sobre presépios do Séc. XVIII. No próximo ano, Delfim Manuel adianta que estará no centro o tema das músicas de Natal, “com a presença de estudiosos e compositores”. A organização acredita que no próximo ano o número de obras expostas pode aumentar para 700.
A exposição convida um país para expor as suas tradições. Na primeira edição estiveram patentes presépios de Espanha. Este ano, os visitantes poderão ter contacto com obras francesas. A particularidade de ter um país convidado “traz maior interesse para o visitante, uma vez que pode perceber as diferenças de trabalho em diferentes países”, explica Delfim Manuel. Os presépios franceses mostram o quotidiano das povoações “com todas as profissões presentes numa grande expressividade. São cenários com 40 metros quadrados”.
Delfim Manuel explica que as obras portuguesas apresentam uma grande variedade de materiais. “De Norte a Sul trabalhamos os presépios em diferentes materiais – barro, madeira, em cera e outros materiais”.