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Seguir Madre Teresa em todos os pobres

Agência Ecclesia
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Centenário do nascimento da fundadora das Missionárias da Caridade vai ser evocado com missas nas casas existentes em Portugal

“Servir aos pobres não é só dar de comer a quem não tem pão. A caridade é sobretudo amar com o amor de Deus e isso pode fazer-se de muitas maneiras, em toda a parte.”

Para a Irmã Maria do Carmo, responsável pelas Missionárias da Caridade na Península Ibérica, esta é a perspectiva que orienta a congregação católica instituída por Madre Teresa de Calcutá.

“Temos de estar atentas e procurar encontrar onde é que Jesus tem sede, hoje e agora, no sítio onde estamos”, disse em entrevista exclusiva à ECCLESIA, dando como exemplo a realidade portuguesa, em que cada vez mais pessoas comem nas casas da comunidade religiosa e onde há quem tenha “as maiores dificuldades para manter as famílias”.

A Superiora Regional assume que a prioridade das Missionárias é responder às carências imediatas: “Procuramos ser uma ajuda que não é a longo termo, mas na emergência, e depois tentamos encaminhar a pessoa para uma organização que a acompanhe de uma maneira mais contínua e prolongada”.

Esta responsável fundamenta a opção pelo imediato com a vontade de fundadora, expressa nestas palavras: “«caridade para hoje, justiça para amanhã»”.

As dificuldades económicas têm feito crescer a miséria mas também a generosidade: “O que eu vejo, sinto e tenho experimentado é que, nestes últimos tempos, há mais gente a pedir ajuda mas há também mais gente a ajudar.”

 “A crise é uma oportunidade para as pessoas abrirem os corações” e é assim que as casas das Missionárias têm-se tornado “centros de encontro entre quem tem e os que nada têm”, assinala a Irmã Maria do Carmo.

Além do acolhimento de idosos e sem-abrigo nas casas de Lisboa e Faro, e de crianças deficientes em Setúbal, a congregação começou a percorrer as cidades em busca de todas as pobrezas.

“Nestes últimos tempos temos procurado sair para a rua. Encontra-se muita gente que às vezes só precisa de falar, ouvir uma palavra, de alguém que se preocupe com eles”, diz a religiosa.

[[v,d,1417,Entrevista à Irmã Maria do Carmo, superiora provincial da congregação fundada por Madre Teresa de Calcutá]]À semelhança da Madre Teresa de Calcutá, a responsável acredita que a “pobreza espiritual, especialmente a solidão” é mais difícil de socorrer do que a material: é preciso que quem se encontra numa situação de isolamento perceba “que não está só”, que “pode ter sido abandonado por todos mas que Deus não o abandona”.

Ao contrário do que acontece em muitas comunidades de vida consagrada, não faltam jovens que batem à porta das Missionárias da Caridade pedindo-lhes para entrar na congregação.

“Hoje em dia vejo muita gente nova a procurar a radicalidade. Graças a Deus temos vocações e voluntários que colaboram connosco. Há muitas pessoas à procura de dar tudo, no espírito do Evangelho”, refere a Irmã Maria do Carmo, nesta entrevista exclusiva.

A Superiora Regional não nega que as Missionárias da Caridade experimentam uma vida difícil e lembra que a ajuda aos pobres não é um fim em si mesmo: “Antes de ser radical”, a vocação [chamamento de Deus] é uma entrega da nossa vida a Cristo. Isso vem antes da dureza do trabalho e da vida”.

A relação com irmãs de várias nacionalidades também contribui para o equilíbrio emocional e espiritual, ainda que exija adaptações ao modo de ser e à cultura de cada uma.

“Temos uma vida de comunidade muito estreita. Vivemos muito juntas. É importante que nos amemos umas às outras para depois podermos amar os pobres, salienta a religiosa.

O centenário do nascimento da fundadora das Missionárias da Caridade, que se assinala a 26 de Agosto, vai ser evocado com missas nas casas existentes em Portugal, celebrações que pretendem reunir, nas palavras da superiora, “todos aqueles a quem servimos e os voluntários que nos ajudam”.

Quanto ao futuro da congregação, a provincial não parece preocupada: “Madre Teresa dizia que ‘se não houvesse mais pobres, ficaríamos desempregadas’. Mas eu acho que não corremos esse perigo”.

A entrevista à Irmã Maria do Carmo esteve em destaque no Programa «70x7», do último Domingo, e poderá ser ouvida ao longo desta semana no programa da Igreja Católica na Antena 1, pelas 22h45.



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