A Associação de Servitas de Nossa Senhora de Fátima concluiu em Fátima, nos dias 16 e 17 de Março, o 2º Congresso.
Criada a 13 de Junho de 1924, na Cova da Iria, pelo Bispo de Leiria, na altura com a designação “Associação dos Servos de Nossa Senhora do Rosário de Fátima”, é uma associação pública de fiéis, constituída por leigos, religiosos, diáconos e sacerdotes, que se colocou sob a protecção de Nossa Senhora e que trabalha desde a sua fundação ao serviço dos peregrinos no Santuário de Fátima.
No último dia do Congresso, na presença do Bispo da Diocese de Leiria-Fátima, D. António Marto, e também do Emérito da mesma diocese, D. Serafim Ferreira e Silva, foram lidas as conclusões deste encontro no Santuário de Fátima, o qual, para além das sessões de trabalho, integrou momentos de oração e uma visita à exposição patente no Centro Pastoral Paulo VI até ao final de Abril, intitulada “Fátima no Coração da História”.
Documento Final
Na Assembleia Geral Ordinária de Dezembro de 2001 a Associação dos Servitas aprovou por unanimidade a realização de um Congresso, o segundo da sua história, com o objectivo de repensar a sua missão à luz da realidade actual de Fátima e das perspectivas da sua evolução.
A opção por fazer este indispensável trabalho de reflexão sob a forma de um Congresso teve como pressuposto a vontade de que ele decorresse de forma participada por todos os Servitas. Considerou-se também que a urgência deste trabalho não deveria pôr em causa a necessária ponderação dos inúmeros temas e factores a analisar e avaliar, das fontes a consultar e das participações a solicitar.
Para que nos não desviássemos do essencial, adoptámos um Tema, um Método e um Modelo:
O Tema - "Renovar o Coração, para Acolher o Futuro", fixava a nossa atenção no essencial de uma mudança que nascesse do coração e nele se enraizasse, que o tornasse capaz de abraçar a realidade da nossa mesma Missão, sempre diferente e sempre nova.
O Método - propunha, em duas grandes etapas, quatro passos indispensáveis: no primeiro, a que chamámos "Redescobrir o nosso Carisma", olhámos para nós próprios, refazendo o percurso, desde as origens até à actualidade; no segundo, sob o lema "Conhecer a realidade", percorremos a realidade de Fátima: o que é, como é e quem a serve. Terminava aqui a primeira etapa que pretendia ser de observação e aprofundamento. Uma segunda etapa, mais virada para a concretização, incluiu o terceiro passo, sob o lema "Renovar o Coração", em que tentámos encontrar os passos de mudança que precisamos de dar para abraçarmos com determinação o que o futuro nos pedirá; e, finalmente, o quarto passo, sob o lema "Acolher o futuro", em que procurámos descobrir os novos caminhos para o Serviço dos Peregrinos.
O Modelo - porque o caminho se antecipava duro e difícil, precisávamos de quem nos ajudasse a colocar o nosso coração em posição e nos sustentasse a vontade. E foi assim que decidimos que tudo seria feito "Com os olhos em Maria", aquela que foi sempre dócil ao Espírito, sempre fiel à vontade de Deus e sempre atenta aos sinais do tempo e aos anseios dos homens.
Assim, começámos o trabalho de
"Com os Olhos em Maria, Renovar o Coração, para Acolher o Futuro"
A certeza com que partimos de que as mudanças verificadas nos últimos anos na realidade de Fátima impunham uma transformação na nossa maneira de ser, de estar e de realizar a nossa Missão, não evitou alguma perplexidade perante a interpretação dos fenómenos e das mutações com que nos deparámos.
O tempo em que decorreu o Congresso, desde Dezembro de 2001 até hoje, foi tempo de mudança para Fátima: a Diocese de Leiria-Fátima recebeu um novo Bispo; no Santuário, foi renovada a equipa de Capelães, há novos Servidores, a estrutura física do Recinto foi alterada e a construção da nova Igreja da Santíssima Trindade está em fase conclusiva.
Enquanto tudo isto acontecia, os Servitas receberam um novo Assistente Espiritual e foram, também eles, mudando. Partiram uns e chegaram outros, ajustaram-se métodos e alteraram-se Serviços, aperfeiçoaram-se critérios e exigiu-se maior rigor na resposta ao nosso compromisso. E continuaram a suceder-se os tempos de serviço a que demos resposta, em Peregrinações Aniversárias, Retiros de Doentes e Fins-de-Semana. O nosso esforço de reflexão e discussão desenvolveu-se a par com o nosso Serviço, o que quer dizer que não o fizemos durante um "tempo sabático", mas antes, assegurando os compromissos que nos estavam confiados. Não parámos, fomos servindo enquanto reflectíamos.
Se a fórmula "Congresso" não atingiu totalmente o seu objectivo de participação colectiva, ela teve a virtude de manter sempre actualizado o objecto da nossa reflexão.
Podemos desde já antecipar que o primeiro crédito conseguido foi o de estarmos hoje muito mais conscientes daquilo que o Santuário é e o que não é. Ainda que presentes neste lugar desde há mais de 80 anos e, hoje em dia, em ritmo quase diário durante metade do ano, não foram poucas as novidades encontradas, as relações aprofundadas e as ideias germinadas.
Como seria de esperar, as nossas conclusões não apontam para uma "revolução", mas deixam claro que muito terá que mudar para que o que fazemos corresponda de modo adequado e atempado às reais necessidades de Fátima, no concreto do seu Santuário e dos seus Peregrinos.
Pareceu mais adequado ao objectivo deste Documento Final adoptar uma estrutura diferente da utilizada durante os trabalhos do Congresso e que é a seguinte:
- Caracterização da realidade de Fátima, dos Peregrinos que servimos, do Santuário onde actuamos, bem como dos Servidores que hoje ali acolhem os peregrinos, caracterizando de modo particular a Associação dos Servitas
- As conclusões propriamente ditas, apontando o Serviço Voluntário como a resposta mais adequada para o serviço dos peregrinos no Santuário de Fátima, onde se incluem os Servitas, desenvolvendo algumas das suas características essenciais;
- O caminho a prosseguir na contínua Renovação do Coração, para todos e de cada um dos Servitas, a fim de sustentar o esforço de mudança que o futuro nos guarda.