SÃnodo 2015: Bispos regressam ao debate em busca de consenso sobre as famÃlias
D. Manuel Clemente adianta preocupações com «reorganização da vida cristã em chave familiar»
Lisboa, 03 out 2015 (Ecclesia) - A 14ª assembleia geral do Sínodo dos Bispos, que se inicia este domingo, vai procurar respostas aos desafios levantados pela reunião extraordinária de 2014, num debate que revelou várias posições e soluções sobre as situações das famílias católicas.
O cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, um dos delegados da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), disse em entrevista à ‘Família Cristã’ que vai pedir, na sua intervenção, uma “reorganização da vida cristã em chave familiar”.
“A base e a estruturação, a vida sacramental, o batismo dos filhos que já provieram do matrimónio dos pais, a iniciação cristã, conta muito mais com a base familiar, do que com a abstração individual”, sustentou.
Nesse sentido, o presidente da CEP sublinha a necessidade de uma melhor preparação dos católicos para a vida matrimonial.
O casamento, observa, “tem de ser preparado, consciencializado, e tem de ser acompanhado”.
O cardeal Walter Kasper, presidente emérito do Conselho Pontifício para a Unidade dos Cristãos, disse por sua vez à Agência ECCLESIA que espera uma discussão “dura” e “frutuosa” que “leve a sério as dificuldades da família”.
Segundo o prelado, ninguém quer “mudar a doutrina da Igreja”: “A questão é como aplicar essa mesma doutrina a uma situação que mudou muito” nas últimas décadas.
O responsável foi alvo de várias críticas, na sequência do debate sobre a situação dos divorciados recasados, por ter proposto a readmissão à Comunhão destes católicos após um período de ‘nova orientação (metanoia)’ e da Confissão.
O cardeal alemão sublinhou, aquando da sua participação em Taizé no colóquio internacional sobre o contributo do irmão Roger, que a misericórdia implica “empatia” com a situação das pessoas, ajudando-as a “dar o próximo passo” sabendo que “Deus não deixa ninguém sozinho”.
O tema foi abordado em Roma, durante a visita ‘ad Limina’, por D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima e vice-presidente da CEP.
Este responsável admitiu que o debate no seio da CEP seguiu “duas correntes”, sublinhando que a diferença de opiniões não é “nada de dramático nem trágico”.
Há uma linha de pensamento “mais de pendor de jurídico, que procura resolver todos estes casos através do direito”, e outra “mais do tipo pastoral, da pastoral da misericórdia”, para os casos em que não é possível “declarar a nulidade”.
AM/OC
SÃnodo dos Bispos