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Sínodo 2015: Cardeal-patriarca satisfeito com trabalhos que valorizaram acompanhamento das famílias

Agência Ecclesia
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D. Manuel Clemente diz que situações difíceis exigem avalização «caso a caso»

Com Ricardo Perna, da Família Cristã, no Vaticano

Cidade do Vaticano, 24 out 2015 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa mostrou-se hoje “muito satisfeito” com os trabalhos do Sínodo dos Bispos, que chegaram ao fim com a apresentação ao Papa de um relatório que aposta no acompanhamento de cada família.

“Temos de dar muito mais importância às famílias, à preparação para o matrimónio, ao acompanhamento das famílias cristãs, mesmo aquelas que vivem em rutura, para vermos o que podemos consertar com a ajuda de todos”, disse, após a votação do relatório final, com 94 pontos aprovados na sua totalidade por maioria de dois terços.

Segundo o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), nas situações em que não seja possível “recuperar” a relação anterior, a Igreja deve continuar a considerar as pessoas envolvidas como “irmãos e irmãs, batizados que têm o seu lugar na comunidade cristã”.

A respeito do possível acesso à Comunhão dos católicos divorciados que voltaram a casar civilmente, D. Manuel Clemente observou que o tema não foi tão tratado como na reunião extraordinário do Sínodo, em 2014, porque “a comunhão sacramental tem a ver com a validade do vínculo e a atenção a esse nexo é que fica aqui mais vincada e mais redobrada”.

“Se realmente a família é assim tão importante, vamos dar-lhe a importância que ela tem, quer na preparação, quer no acompanhamento daqueles que já não vivem a família como a começaram dantes, para todos uma atenção redobrada porque o seu papel é indispensável para a Igreja e para a sociedade”, prosseguiu.

O relatório final apela a um “caminho de discernimento”, que o cardeal-patriarca vê como a confirmação da necessidade do “acompanhamento caso a caso”, citando o que o Papa São João Paulo II “já disse há 30 anos”.

“Temos de ter muita atenção, porque os casos não são todos iguais: às vezes uma expressão forte pode encobrir situações muito diversas. É o que estamos a fazer e o que vamos continuar a fazer”, apontou.

O presidente da CEP, um dois delegados do episcopado português neste Sínodo, juntamente com D. Antonino Dias (bispo de Portalegre-Castelo Branco), afirmou que os trabalhos desta assembleia decorreram com “serenidade” e “naturalidade”, depois de se ter vivido alguma “perplexidade” na reunião de 2014, mas rejeitou a ideia de “algum burburinho” que se procurou criar.

Depois de duas assembleias sinodais, antecedidas por inquéritos às comunidades católicas, “o caminho não acabou” e compete agora ao Papa “pegar nas reflexões e nos resultados”.

A isto, acrescenta, soma-se o “exercício da sinodalidade, um caminho que se faz em conjunto”, que se vai transpor para os vários níveis da vida da Igreja.

O presidente da CEP agradeceu a ajuda das famílias presentes no Vaticano, “até um bebé que de vez em quando chorava”.

Em relação à realidade portuguesa, o patriarca de Lisboa considera que o Sínodo sobre a família vai abrir perspetivas para uma sociedade “muito individualizada”, no sentido de “a tornar mais familiar, mais próxima, mais vizinha, mais solidária entre gerações”.

RP/OC

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