O primeiro Sínodo da Diocese de Viana do Castelo entrou ontem numa nova fase com a abertura da segunda Assembleia Sinodal, cujas “Celebrações litúrgicas” são o centro de todas as reflexões e estudo.
Na oração de abertura desta segunda Assembleia, acerca de um tema escolhido pelo Povo de Deus deste que constitui esta Igreja particular, foi lido um trecho de uma reflexão sobre da liturgia o actual Papa Bento XVI, onde é colocado a nú a falta da qualidade e de conteúdo de muitas das liturgias que vão sendo celebradas. «Para a vida da Igreja – ouviram os membros daquela Assembleia – é dramaticamente urgente uma renovação da consciência litúrgica, uma reconciliação litúrgica que torne a reconhecer a unidade da liturgia e compreenda que o Concílio Vaticano II não como um corte com o passado, mas como um momento evolutivo».
Esta urgência de «um novo movimento litúrgico» é tanto maior quanto «a crise da Igreja em que hoje nos encontramos depende em grande parte da derrocada da liturgia», dizia convencido Bento XVI, explicando que esta é muitas vezes «concebida como se Deus não existisse, como se, nela, já importe se Deus está ali, se é Ele que nos fala e nos escuta».
Quando falta «a comunhão da fé, a unidade universal da Igreja e da sua história» e o «mistério de Cristo vivo», então a comunidade «celebra-se a si própria, sem que isso valha de alguma coisa».
Em jeito de introdução, provocação, da temáticas que os diversos grupos enfrentavam, sintetizada em 20 propostas constantes do “Instrumento de Trabalho”, o padre Jorge Barbosa teceu um conjunto de consideração que começou chamar atenção da «importância incipiente» que a “Palavra de Deus” ocupa nas celebrações.
Muitas das celebrações por essa diocese, disse, «não passam de representações teatrais» que se afastaram do essencial da celebração e do mistério, matando «o simbólico» de tal forma que poderiam ser caracterizadas como uma nova representação bíblica do episódio do «bezerro de ouro».
Agarrando em ideias expressas nas respostas ao inquérito Sinodal lançado em toda a Diocese e contrapondo com respostas teológicas e desafios deixados por João Paulo II e mesmo Bento XVI, o padre Jorge Barbosa alertou para a falta de coerência e para as missas festa/espectáculo, cujo «show litúrgico» até «consegue cativar», agora o que não consegue é celebrar o mistério de Deus que se dá ao homem.
Mais provocatoriamente falou do «negócio rentável» que alguns fazem com as celebrações, quantos abusos e banalização de celebrações por tudo e por nada, quanta «pouca fé», quantas «palavras vazias», quão «pouco respeito», quanta criatividade ambígua e «sujidade» é preciso limpar nesta Igreja que tem encerra em si um «tesouro» que é «demasiado rico» para que seja desperdiçado desta forma.
No tempo da nova evangelização a celebração dos sacramentos, eucaristia no centro, deve ser valorizada para que depois se possa exigir compromisso com a comunidade e com a vida da Igreja a todos aqueles que os celebraram, pedindo, nomeadamente, maior preparação e exigência no acesso, como no caso do matrimónio.