Nacional

Sintonia de organizações católicas

Luís Filipe Santos
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Desde o primeiro momento, diversas organizações católicas mostraram o seu apoio a uma iniciativa que revela inquietação em traduzir uma preocupação global em iniciativas locais, de defesa da paz. Alfreda Fonseca, do movimento Metanoia, define este encontro de oração como “expressão concreta por todas as religiões de uma oposição à ameaça concreta à paz que representa um eventual ataque ao Iraque. Não estamos a tomar posições políticas, mas não podemos aceitar que um país decida, à margem da ONU, dominar outro país.” O Arquitecto António Freitas Leal, do Centro de Reflexão Cristã, defende mesmo que “nenhum cristão pode assistir passivamente a uma opção pela guerra, que coloca a resolução dos conflitos internacionais ao nível dos astrolopitecos. Há uma degradação do que deve ser o comportamento do ser humano que lamentamos”. O desejo mundial de paz é colocado em relação estreita com um desejo pessoal de pacificação. Helena Neves, do Centro Universitário Católico do Patriarcado de Lisboa, lembra que “a causa da paz é uma grande causa. Não podemos pensar na construção de uma paz internacional que seja mais do que marasmo sem uma actuação de cada homem e mulher, capazes de construir uma cultura de paz, nos pequenos gestos quotidianos. Neste tecido de “não-paz” em que vivemos é que surgem os grandes conflitos.” O perigo de um “choque de civilizações” como consequência da guerra no Iraque também foi lembrado nos discursos. Alfreda Fonseca afirma que “este encontro inter-religioso expressa uma unidade fundamental de todos os intervenientes na busca da paz. Tentamos entrar em diálogo com outras civilizações, culturas, outras fés, de forma a assegurar algo que nos parece essencial: a sobrevivência da humanidade como um todo”. Gonçalo Castro Fonseca, do Centro Universitário Pe. António Vieira (CUPAV), reforça a contribuição para a “harmonia e a paz” que este encontro oferece: “o nosso modo de contribuição específico, enquanto confissões religiosas, é a oração. Faz todo o sentido que seja feito em conjunto, exprimindo a comunhão entre todos e dando mais um passo no caminho do diálogo inter-religioso”. As soluções para a paz passam também pela defesa de um mundo mais justo e solidário: “tenho ido a muitos países do terceiro mundo onde há raiva e medo dos países ricos, o abismo existente entre eles provoca reacção, pelo que não poderemos pensar em paz sem uma maior justiça social e económica”, conclui o Arquitecto Freitas Leal.


Guerra do Iraque