“Infelizmente, em Portugal, não estamos a ser capazes de dar respostas aos problemas que surgem na área social” – disse à Agência ECCLESIA D. José Alves, Presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social. Embora “surjam anúncios” de que os problemas estão controlados e que a Economia vai melhorar, “na prática nós vemos que a Economia não melhora e o desemprego aumenta. Esta situação coloca-nos num patamar inferior aos países da Comunidade Europeia” – desabafou. Aos governantes deixou um recado: “sejam capazes de cumprir o que dizem e que consigam dar a volta à questão” porque quando sobe a taxa de desemprego “aumentam os pobres em Portugal e a acção social da Igreja tem um campo mais vasto para atender”.
Perante esta “situação preocupante”, D. José Alves sublinhou que existem três grupos em Portugal que “merecem uma atenção especial”: os imigrantes – “tendo em conta a nova legislação” - ; os idosos – “o número sobe gradualmente” – e os sem abrigo – “estão a aumentar nos meios citadinos”. Estes temas já foram abordados nas Semanas de Pastoral Social que se realizam habitualmente em Fátima no mês de Setembro mas “têm sempre aspectos novos”.
Na última reunião da Comissão Episcopal da Pastoral Social o seu presidente salientou que foram analisados alguns pontos da nova encíclica de Bento XVI «Deus Caritas Est» e numa segunda fase “iremos determinar qual será o tema da próxima Semana de Pastoral Social”. A base central desta iniciativa ainda não está definida mas “iremos inspirarmo-nos na Encíclica «Deus é Amor» onde Bento XVI faz alguns apelos para acção social dos cristãos e das comunidades eclesiais”. A primeira parte deste documento é “mais reflexiva” mas a segunda “é mais social e aponta caminhos de concretização desse amor”.
Em Portugal, a acção social institucionalizada merece uma atenção particular. E aponta dois pontos: “Identidade das próprias instituições” – “se ela é católica deve apresentar-se como tal porque a acção desenvolvida por estas instituições não pode ser selectiva em relação às pessoas carenciadas” – e a formação dos trabalhadores e das pessoas que estão à frente das instituições “tendo em conta que a acção social deve ser feita com competência profissional, humana e cristã” – pediu D. José Alves.
A crise agudiza-se e o prelado confessou que é “muito complicado” pregar a barrigas vazias. “Primeiro temos de satisfazer as necessidades básicas”. Como a Igreja não tem na mão “o poder de distribuir os dinheiros públicos”, resta – como diz o Papa – “anunciar a justiça e a caridade”. Grande parte (cerca de 80%) da IPSS são da Igreja “mas precisamos de fazer muito mais” – concluiu.