Cáritas de Viana quer conhecer a real situação da diocese
A acção social e caritativa, sem perder o seu carácter de assistencialismo, tem de alargar o âmbito da sua intervenção que passa pela formação e pela capacitação das pessoas, quer dos seus agentes, quer dos mais carenciados/excluídos, porque já não basta um conjunto de boas vontades.
Esta ideia foi central no conjunto de intervenções que se ouviram, este sábado, durante a Jornada sobre “O atendimento social, hoje” que a Cáritas de Viana do Castelo promoveu como corolário de um tempo de vários meses de formação para alguns agentes da pastoral social e que poderá ter sido o ponto de partida para que este organismo diocesano avance para a realização de um diagnóstico em todo o distrito de Viana, como adiantou José Machado.
Vera Mónica Duarte, docente da Faculdade de Ciência Sociais do Centro Regional de Braga da Universidade Católica Portuguesa e coordenadora de um estudo sobre a realidade das respostas sociais da Diocese de Braga, salientou a importância das comunidades solidárias que conhecem a realidade mais profunda e auxiliam, classificando- as como verdadeiros «observatórios vivos e localizados » e adverte para a necessidade de «aproveitar melhor este conhecimento».
Por outro lado, Vera Duarte defendeu uma maior profissionalização nas respostas, quer as destinadas àqueles que batem à porta, quer no encontro com a pobreza envergonhada. Contudo e apesar dos elogios, a comunidade solidária com respostas para as problemáticas que a afligem não ficou isenta de críticas. A principal, feita por Mónica Duarte, diz respeito ao isolamento de trabalho ou um «paroquialismo na actuação e nos projectos».
Quando há algum trabalho em rede limita-se à «troca de informação» entre parceiros, o que é necessariamente pouco, lamentou. Este encontro, que contou com a participação de mais de meia centena de pessoas, serviu ainda para alertar para a importância da «comunicação interpessoal » numa situação de atendimento social que permita estabelecer uma relação de reciprocidade entre técnico e utente, em ordem à construção conjunta de um projecto de vida que permita a potenciação dos recursos internos e latentes do indivíduo e a sua inserção ou resolução dos problemas.
O Bispo de Viana, que presidiu à sessão de abertura, sublinhou que o grande desafio deste tempo é prestar «uma atenção redobrada ao outro». Para organizações como a Cáritas, que é expressão organizada da caridade, importa «ajudar» as pessoas que queiram entrar nesta rede de solidariedade ensinando-as a ser e a saber fazer, disse D. José Pedreira.
Por seu lado, o presidente da Cáritas Portuguesa, Eugénio da Fonseca, alertou para a necessidade da formação dos agentes face à complexidade das problemáticas e das respostas e desafiou todos os intervenientes na pastoral social a implementarem a partilha dos bens materiais no seio das comunidades.
Paulo Gomes, Diário do Minho<(i>