O fresco encontrado recentemente na ermida de Nossa Senhora da Alagoa, em Argomil, Pinhel, foi analisado no dia 13 de Setembro por dois técnicos da delegação de Castelo Branco do IPPAR - Instituto Português do Património Arquitectónico, que se deslocaram ao local acompanhados pelo cónego Cunha Sério, presidente da Comissão de Arte Sacra da Diocese da Guarda.
“Tiraram várias fotografias e acharam que tal obra de arte necessita de uma conveniente intervenção”, afirmou o cónego Cunha Sério ao Jornal A Guarda, acrescentando que os técnicos “ficaram admirados com a beleza dos quadros, com a sua composição e com o seu conteúdo”.
Segundo o mesmo responsável, “como em Castelo Branco não há pessoa competente para classificar o fresco, embora haja sido pedida pelo director, arquitecto José Afonso, virá de Viseu um técnico especialista a fim de proceder à sua classificação”.
“Espera-se que brevemente seja estudado tal fresco, para depois se proceder a quanto for necessário para restaurar alguns pontos destruídos no painel pelos barrotes aí encostados e de imediato fixar as tintas e as cores a fim de, tanto quanto possível, dar ao fresco a sua verdade histórica e artística”, considera o presidente da Comissão de Arte Sacra da Diocese da Guarda.
“Não se sabe ainda como irá realizar-se tal intervenção. Esperemos que para breve tudo seja resolvido”, acrescentou.
A datação do painel só será conhecida após um estudo aprofundado. “O autor, se for possível encontrá-lo, e a escola artística onde se insere, será objecto de estudo mais aprofundado”, disse o mesmo responsável.
Recorde-se que o painel de frescos foi encontrado pelo restaurador de arte António Barreiros, durante as obras de recuperação do altar da ermida de Nossa Senhora da Alagoa, um lugar da freguesia de Pomares, que viveu a sua festa anual no passado dia 8 de Setembro.
A pintura com 4,10 metros de largura e 3 metros de altura é composta por cinco passagens bíblicas. Na parte central do painel está representada a Assunção de Nossa Senhora e nos laterais aparecem a Anunciação, a visita de Maria à prima Santa Isabel, o Nascimento de Jesus Cristo, e a adoração dos Reis Magos. “São peças magníficas, apesar de algumas estarem em adiantado estado de degradação”, disse António Barreiros ao nosso jornal no momento da revelação do achado.
“O fresco apareceu depois de serem movidos uns madeiramentos que estavam na tribuna a nível do altar, e ao serem retirados esses madeiramentos começam a aparecer aspectos parciais de figuras pintadas. Este fresco foi executado sobre um outro pré-existente, isto terá acontecido porque houve necessidade de fazer obras ou porque tenha havido uma derrocada do edifício”, contou António Barreiros.
No Distrito da Guarda, para além da ermida de Argomil, as descobertas mais recentes de painéis de frescos em templos religiosos aconteceram em Escarigo (Figueira de Castelo Rodrigo), Vila Soeiro (Guarda) e Aldeia Velha (lugar da freguesia de Aldeia Nova, concelho de Trancoso).