Testemunhar o Evangelho da paz D. Manuel Pelino 02 de Janeiro de 2006, às 11:16 ... Mensagem de Ano Novo do Bispo de Santarém As festas da passagem de ano, com os seus ritos e votos de felicidades, manifestam um anseio profundo do coração de toda a gente: a esperança num futuro melhor, o anseio de felicidade, o desejo de alegria e de festa Todo o ser humano está orientado para o futuro e tem necessidade de esperança para viver com gosto e com sentido. Viver é esperar. A pessoa não pode viver sem esperança, como não pode viver sem amor. A sabedoria cristã coloca a esperança e o amor como irmãs gémeas da fé. O que significa que quem tem verdadeiramente fé tem sempre razões para esperar e motivações para amar. Por isso, a entrada no novo ano não pode reduzir-se aos festejos e aos votos da noite de ano novo. Seria permanecer no efémero e no exterior. Há uma dimensão mais profunda que aflora, por exemplo, nas análises aos acontecimentos e pessoas marcantes do ano que finda e nas perspectivas que se fazem para o futuro. É, de facto, a altura de balanço e de projecção. O que significa que queremos aprender com a experiência de vida em ordem a construir um futuro melhor. Cada ano é uma nova página que se abre e que desejamos mais rica e mais bela que as anteriores. Este parece ser o significado mais rico da celebração do ano novo: Aprender, a partir da experiência dos anos que passaram, a construir um futuro melhor. Os anos e os tempos não diferem muito uns dos outros. A promessa de um futuro melhor não nasce do curso dos astros nem da sucessão dos meses e dos anos. Claro que existem forças da natureza incontroláveis como algumas calamidades que nos atacam. Mas são sobretudo as pessoas que, pelos seus actos e decisões, determinam o presente e o futuro e marcam a qualidade de vida da sociedade. É, portanto, a partir da renovação das pessoas, a começar por cada um de nós, que o ano novo e o futuro da sociedade se podem tornar melhores. Nesta ordem de ideias podemos entender o significado da mensagem tradicional do Papa para o primeiro dia do ano, dia mundial da paz. Este ano, Bento XVI oferece-nos uma bela e profunda reflexão sobre a verdade da paz. De facto, um passo prévio é descobrir o que entendemos por paz. Só poderemos construir a paz se a alicerçarmos sobre convicções comuns acerca da famÃlia humana e da vida: “A paz apresenta-se então de um modo novo: não como simples ausência de guerra, mas como convivência dos diversos cidadãos numa sociedade governada pela justiça, na qual se realiza também, na medida do possÃvel, o bem de cada um delesâ€. A verdade da paz só se alcança, esclarece o Papa, com o esforço de todos, cultivando relações sinceras e amistosas, percorrendo caminhos de perdão e de reconciliação, procurando a transparência e a fidelidade à palavra dada. O Papa denuncia, também, a mentira, ligada ao drama do pecado, com os seus efeitos devastadores, como o grande impedimento para a realização da paz. Entende por mentira a instrumentalização e deformação da verdade ao serviço de ideologias cegas e totalitárias. Esta é a fonte de inspiração do terrorismo actual como o tinha sido de sistemas polÃticos aberrantes que no século passado exterminaram milhões de seres humanos. Conclusão: Para alcançarmos a paz precisamos de obreiros da paz que percorram os caminhos da justiça e da reconciliação. O Papa dirige um apelo aos católicos para que intensifiquem em todo o mundo o anúncio e o testemunho do “Evangelho da pazâ€, proclamando que o reconhecimento da verdade plena de Deus, do homem e da vida é a condição prévia para a consolidação da verdade da paz e colaborando, nesse sentido, com outras religiões e com todos os homens de boa vontadeâ€. D. Manuel Pelino Domingues, Bispo de Santarém Dia Mundial da Paz Share on Facebook Share on Twitter Share on Google+ ...