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Trabalhadores querem ter voz nas questões do emprego

Agência Ecclesia
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No rescaldo das Semanas Sociais Portuguesas, que durante a semana passada mobilizaram centenas de pessoas em volta do tema “Uma sociedade criadora de emprego”, as organizações católicas ligadas à pastoral operária defendem que a sua voz deveria ter sido ouvida nesta discussão. Virgínia Sousa, vice-coordenadora nacional da Liga Operária Católica/Movimento dos Trabalhadores Cristãos, lamenta a “precariedade muito grande” que marca, hoje em dia, o mundo do trabalho, bem como o drama do desemprego que afecta centenas de milhares de pessoas no nosso país. “É preciso ajudar as pessoas a criar o seu posto de trabalho e há muitas formas de sairmos da crise, desde que haja boa vontade da Igreja, dos movimentos e das entidades patronais”, assegura. Sobre as Semanas Sociais, esta responsável lamenta a ausência de oradores ligados a movimentos de trabalhadores, um sentimento partilhado por Maria das Neves, presidente da Juventude Católica Operária (JOC). “A nossa sociedade não procura envolver os jovens, não têm espaço de reflexão e formação para poderem sonhar com algo de diferente. Infelizmente, os jovens aparecem apenas para decorar, mas em questões como o desemprego e a precariedade não são chamados a dar a sua opinião”, aponta. “Os jovens são as pessoas mais desprotegidas: não têm colocação quando acabam os cursos, muitos formam-se em áreas sobrecarregadas a nível profissional e outros acabam por abandonar a escolaridade, indo para trabalhos em que são explorados”, denuncia a presidente da JOC. Maria Santos, da Comissão Nacional da Pastoral Operária, pede uma aposta na criação de empregos “em áreas importantes”, bem como na “distribuição do trabalho”. “Há trabalhadores a quem são pedidas horas para além do que está consagrado na legislação, pelo que a solução seria distribuir essas horas por quem está desempregado”, indica. Esta responsável também se mostra critica quanto ao facto de os trabalhadores não serem chamados ao debate quando está em causa a criação de empregos. “Não há palavra para os trabalhadores, mas para quem pensa que sabe falar sobre estas questões, sem viver na pele os problemas do desemprego”, conclui.


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