O Bispo de Viana do Castelo desafiou ontem os seus diocesanos a analisarem os sentimentos próprios em «relação a Cristo despojado na sua Paixão e exaltado na Ressurreição» pedindo a cada um que na atitude mais profunda de si próprio questione o lugar que atribui ao «acontecimento de Jesus Cristo na história e vida pessoal. D. José Pedreira falava na Sé Catedral durante a celebração do Domingos de Ramos, após simbolicamente ter caminhado da Igreja da Misericórdia, até à sua sede de ramos na mão e entoando hinos de louvor a Cristo.
No início da Semana Santa ou da Semana Maior, como popularmente também é conhecida, o Prelado sublinhou que a celebração de ontem constitui uma certa imagem de «todo o mistério pascal de Jesus» uma vez que fala de «triunfo e glória», significado pela aclamação do ramos de oliveira e palmas, e também do «suplício da cruz como sacrifício de Redenção da Humanidade» que Jesus Cristo anuncia ter aceitado livremente. Neste contexto Bispo Diocesano lançou o repto a cada cristão para se posicionar perante a figura de Cristo, no controverso quadro evangélico do Calvário, escândalo para uns, indiferença para outros tantos, traição alguns e compadecimento outros tantos. Assim, cada cristão «ajuda-O a levar a cruz da nossa salvação» e reconhece-O como Salvador e quer de facto «ver Jesus».
Os textos sagrados proclamados na celebração anunciavam o profético «sofrimento do futuro messias, a Paixão de Cristo» levando cada homem a invocar «o imenso sofrimento de todos os homens e mulheres provados pela dor» com particular «afeição» o sofrimento «das crianças, dos inocentes», mas também «as vítimas da guerra ou do terrorismo, os pobres, os doentes, os marginalizados, as viúvas, os emigrantes».
Profetas de um mundo novo
No Dia Mundial da Juventude, cuja grande jornada mundial será vivia no próximo ano em Colónia – Alemanha, D. José Pedreira invocou a palavra do Papa na mensagem que dirigiu aos jovens, exortando-os a seguir o exemplo dos homens que rogaram ao apóstolo Filipe: “Queremos ver Jesus”. Segui este exemplo, pediu Prelado, «não por mera curiosidade mas como necessidade de encontrar o verdadeiro sentido» da vida de cada um.
O primeiro passo é «descobrir e acreditar que Deus nos ama», uma experiência íntima que só será possível «se vos deixardes olhar por Cristo, saboreando o esplendor da sua Verdade». Por isso, «convido-vos a fazer tudo o que vos é possível para tornar realidade este encontro com Jesus». A oração, a meditação da Palavra de Deus, o trilhar caminhos que afastem do pecado que «deforma as nossa vidas» e não «nos impede de ser verdadeiramente livres» são meios importantes que aliados ao sacramento da Eucaristia e a própria Igreja, nos permitem ver Jesus.
«Os jovens da vossa idade – advertiu o Bispo Diocesano de Viana do Castelo – esperam pelo vosso testemunho, pelo vosso dinamismo, pela vossa à causa da evangelização do nosso mundo», por isso, exortou, «tornai-vos profetas do mundo novo».
Durante a tarde, depois da oração de vésperas na Catedral, o Senhor dos Passos percorreu as principais artérias do núcleo mais central do casco histórico da cidade de Viana do Castelo, com muitas das suas janelas e varandas engalanadas. Na praça da República foi proclamado o tradicional “sermão do encontro”, encenando-se o encontro de Cristo, que transporta a cruz rumo ao sacrifício supremo, com sua mãe (Senhora da Dores).
