O Papa João Paulo II «apresentou sinais de Deus no mundo conturbado; dialogou com os problemas mais difíceis de um longo pontificado; gastou a vida no contacto real com os mais pobres e com os sem voz, lendo com todos a carta da dignidade escrita pelo Criador em cada rosto; soube traduzir o Evangelho nas situações mais diferenciadas dos últimos decénios, na denúncia, no diálogo, na proposta; esteve ao lado dos mais carenciados dando-lhes voz e partilhou os problemas dos indefesos; foi intrépido defensor de cada ser humano como rosto divino; não se afastou da Luz, e viveu na fidelidade até ao fim, porque foi sempre vizinho de Deus», referiu o padre José da Silva Lima na homilia que proferiu ontem, na capela do Centro Regional de Braga da Universidade Católica Portuguesa (UCP-Braga), na concelebração eucarística de homenagem ao Santo Padre.
Perante a comunidade académica, que lotou o local de culto, o presidente da Comissão Instaladora da UCP-Braga partiu da afirmação evangélica de que “quem pratica a verdade se aproxima da Luz”, para salientar que o Sumo Pontífice «se constituiu reflexo luminoso esclarecendo os caminhos complicados desta transição de milénio, numa terra de passagem, apontando sempre a outra que “vem do Céu”».
«Sensível, transparente e aberto ao dom de Deus, foi transformado em dom para a humanidade. Todo de Deus, tornou-se todo para os homens, apontando novos horizontes, rasgando caminhos novos na Igreja e no mundo, sendo reflexo peregrino de uma forma de viver sob o signo do amor incomensurável de Deus. Foi fascinante, porque a luz de Deus atrai; foi companheiro, porque a luz veio ao mundo; foi profeta, porque a luz brilhou “para que o mundo seja salvo”; foi amado, porque ofereceu propostas de vida eterna; foi seguido, porque deixou rasto de luz», enfatizou o sacerdote, ouvido atentamente por directores, docentes e alunos das faculdades de Teologia, Filosofia e Ciências Sociais, que colocaram simbolicamente o retrato de João Paulo II em cima das suas capas, diante do altar.
«O primeiro Céu e a primeira terra desapareceram para este Padre Santo, num percurso longo marcado pelo “esplendor da Verdade”, nos itinerários concretos do “peregrino vestido de branco”. Viveu vestido de branco nesta terra que Deus lhe oferece, e recebe, na luz de Deus, a brancura sem mácula da sua Ressurreição. Foi santo na vida. Agora, recebe a “terra nova” da santidade», garantiu o clérigo.
«Obrigado, Santo Padre, pela vida feita mensagem para nós, e pela mensagem feita luz dos nossos caminhos. Na nova terra que habita, sinta a Voz que sempre seguiu: “Eu serei o seu Deus e ele será o meu filho”», finalizou, numa alusão ao livro do Apocalipse.