Cada ser humano tem a sua velocidade própria de resolver os problemas, o que parece ter motivado Rebecca Miller a analisar esse mesmo comportamento. Realizou então «Velocidade Pessoal», sobre três diferentes mulheres quando confrontadas com problemas de difÃcil solução. São três sketchs que não têm qualquer ponto de contacto salvo o que fica referido.
As três mulheres que nos são apresentadas têm todas origem em contos da realizadora, que revela uma sólida preocupação de defesa da mulher e dos seus direitos, sem cair em excessos ou no melodrama-tismo. Confrontadas com problemas de natureza bem diferente, todas se revelam de forte personalidade e possuidoras de uma coragem capaz de as motivar a tomar nas suas mãos a solução dos problemas, melhor forma de vencer os obstáculos que se lhe apresentam.
No primeiro episódio, o de tema mais comum, confrontamo-nos com um caso de maus tratos por parte do marido, que leva a mulher a abandonar a casa e refugiar-se noutro local na companhia dos filhos. É bem definido o limite da capacidade de suportar a situação, sempre em comparação com o risco da necessidade de angariação de meios de subsistência para e si e para os filhos.
O segundo caso versa sobre a vertente profissional e o seu reflexo na vida familiar, com opções difÃceis e por vezes discutÃveis.
O terceiro episódio – o mais conseguido – narra a relação que se vai estabelecendo entre um adolescente difÃcil e uma mulher em fuga para parte incerta, na sequência do trauma causado por um acidente e uma gravidez indesejada.
Da conjugação dos três episódios Rebecca Miller tira o melhor partido, mostrando o valor da mulher e a sua capacidade para encontrar as melhores oportunidades em ambiente adverso.
O filme foi gravado inicialmente em vÃdeo, passando depois a 35 mm com bastante competência. Algumas imagens menos nÃtidas são inevitáveis, mas o ambiente criado e o ritmo seguro da narrativa garantem um acompanhamento atento por parte do espectador
Francisco Perestrello