Viajar Com Todos Os Sentidos FEC 14 de Outubro de 2005, às 10:45 ... Olhares sobre Angola A inauguração da exposição D’Angolando, em Lisboa, no dia 7 de Outubro de 2005, marcou o ponto de partida da itinerância desta mostra fotográfica sobre Angola. Esta é uma Exposição em que cada fotografia isolada conta uma história – e é exactamente essa a sensação que temos quando nos colocamos de frente para cada foto – suspensa, emoldurada abraçada pela moldura A2 de acrÃlico, isolando-nos do resto das outras imagens, ficamos só nós e a foto... O fio condutor da disposição das fotografias no espaço é estético, existindo fotografias a preto e branco e fotografias a cores. A fotografia que é a imagem de marca da D’Angolando levou-nos, em movimento, atrás de um quintandeira que passa, num cenário quase irreal de azul e amarelo, ao inÃcio da visita guiada à Exposição. Espreitámos uma Maieno, jovem mãe que amamenta seu filho de gorro, em que os braços, marcados pelo trabalho e pelo sol, contrastam com o seu rosto inocente. Enveredámos por um caminho na zona do Namibe, ligando kimbos isolados e distantes, levando-nos a locais tão diferentes em paisagens. Tomámos de seguida o comboio em Benguela, chegámos ao Musseque em Luanda e deixámos para trás o amontoado de lixo urbano. Avizinhámo-nos do mar, em duas provÃncias costeiras, Namibe e Benguela. De volta a Luanda, os candongueiros azuis e brancos, circulando dentro da cidade, paralelos à s quitandeiras que de tudo vendem, apregoando com insistência o produto que à cabeça transportam, fazem-nos desejar uma das mercadorias que vendem. À saÃda de Luanda, deparamo-nos com o Museu da Escravatura, de onde partiam os barcos com escravos, hoje transformado em local de recreio onde se vai ao fim-de-semana, estar com os amigos. Não podÃamos deixar de quase embater na árvore tão tÃpica de Ãfrica, particularmente em zonas secas – um embondeiro que, nesta Exposição, desafia o mar... A cor dos fatos tradicionais e os panos que as mamãs usam, ora para transportar os seus filhos, ora para servir de xaile, para sentar no chão ou ainda para embrulhar as mercadorias, dão vida a três das fotografias. Voos sobre a realidade angolana Porta da 4ª Classe, turma A/2ª Classe, turma D da Escola Nª Sra. de Fátima em Malanje, captada pela máquina de um técnico voluntário do PAEBA, projecto iniciado em 2003, com o objectivo de melhorar a qualidade da educação no interior de Angola, promovendo o uso e o acesso à LÃngua Portuguesa como instrumento para o sucesso escolar e como elemento para a coesão nacional. Os brinquedos feitos e refeitos, aperfeiçoados e tratados com mil cuidados, são motivo do orgulho que encontramos estampado nos rostos dos seus “pais†criadores. O avião em frente à Fortaleza de S. Miguel em Luanda relembra o tempo das lutas e mais à frente a plataforma petrolÃfera no mar de Benguela parece dizer “Angola, segundo maior produtor de petróleo da Ãfrica ao sul do Saaraâ€. Já está a ficar tarde, e começa a ser tempo de comer alguma coisa, mas o funje que a mulher prepara, apesar de quase fumegar, não está ainda pronto – podemos sim, levar para casa a receita... Apesar de estar em quase completa destruição, a primeira Catedral do Reino do Congo impõem-se numa das fotografias a preto e branco. Ainda nas raÃzes de Angola, com as guardiãs do Museu de Mbanza Congo, no seu traje branco imaculado, parece que ouvimos pelas imagens: “Este é um lugar com história, entrem e conheçam...†As crianças, as crianças... pequenos diamantes, assim nos mostra um menino sozinho que brinca numa das ruas de Saurimo, capital de uma provÃncia diamantÃfera e nos lembram aqueles sorrisos vindos do internato da Escola S. José de Cluny em Malanje onde se aprende a viver e a ser mulher. Terminamos esta visita guiada pela D’Angolando, com as mulheres, pilar da sociedade africana, mãe, trabalhadora, companheira, amiga. Uma mulher com uma kinda (cesto cónico) à cabeça, no momento do ofertório da missa, marca assim a importância da religião católica neste imenso paÃs que é Angola. O Porto de Honra que se seguiu foi pautado pelo som dos três batuques que conseguiram criar e transportar Angola para Lisboa. D’Angolando é possÃvel para todos aqueles que se interessam por Angola, por serem angolanos, ou por lá terem trabalhado e vivido, mas também para todos quantos queiram conhecer esta nova cultura, até 30 de Outubro no Palácio Sotto Mayor em Lisboa. A maioria dos autores das obras expostas são técnicos voluntários que registaram, com as suas máquinas fotográficas, recantos e pormenores da zona de Luanda, Namibe, Zaire, Lunda Sul, Malanje e Benguela. Também é nossa obrigação evidenciar o importante papel que tiveram para este certame. Sem a sua sensibilidade e a cedência dos direitos de autor não seria possÃvel a D’Angolando. A criação desta exposição advém da FEC - entidade promotora - desenvolver nesse paÃs um projecto de apoio à educação. P. José Maia, presidente do Conselho de Administração da FEC, iniciou a sessão de abertura oficial da exposição com essa nota de esclarecimento. E o Ministro Conselheiro da Embaixada de Angola em Portugal, Rui Orlando Xavier, assegurou que as imagens reflectem a realidade e, no decorrer do discurso inaugural, afirmou “Isto é Angola!â€. O Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, João Cravinho, que não deixou de estar presente, sublinhou que “É um privilégio poder contar com as vontades de colaboração de instituições como a FEC - uma força constante, ao longo dos anos, na área da cooperação.†Este momento inaugural inseriu-nos no espÃrito da exposição, que pretende sensibilizar pela emoção e não pela técnica, em que os próprios autores das fotografias não são fotógrafos profissionais, mas pessoas interessadas em captar momentos – Anabela Martins, Ana Pereira, Bruno Lourenço, Maria Ribeiro, Rui Silva, Sandra Silva, Sérgio Angélico. A concepção ficou a cargo de Catarina Lopes, o design gráfico esteve nas mãos de Isa Gomes e a produção sob a responsabilidade Ana Filipa Silva. Cátia Vieira- responsável pela Comunicação da exposição fotográfica D’Angolando FEC Share on Facebook Share on Twitter Share on Google+ ...