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Viana do Castelo: D. Júlio Tavares Rebimbas sublinhou «necessidade de estar perto das pessoas» - Monsenhor Virgílio Resende

Agência Ecclesia
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Foto: Diocese de Viana do Castelo
Foto: Diocese de Viana do Castelo

Restos mortais do primeiro bispo de Viana vão ser transladados para a Sé este domingo

Viana do Castelo, 06 jan 2017 (Ecclesia) – Monsenhor Virgílio Resende afirma que se tornou um padre de “clínica geral” enquanto colaborador de D. Júlio Tavares Rebimbas (1922-2010), que acompanhou durante vários anos, recordando o “seu respeito e amor pelos sacerdotes” e atenção às pessoas.

“Acima de tudo, o Senhor D. Júlio ajudou-me a perceber a necessidade de estar perto das pessoas, entender-me com elas”, disse o sacerdote ao jornal diocesano ‘Notícias de Viana’.

Na entrevista, enviada à Agência ECCLESIA, monsenhor Virgílio Resende recorda que quando regressavam à sua terra-natal na rua “identificava” as pessoas “pelo seu nome”.

“Esta forma próxima de estar foi o maior legado que D. Júlio Tavares Rebimbas me (nos) deixou”, realça nas vésperas da transladação dos restos mortais do primeiro bispo da Diocese de Viana do Castelo para a Sé do Alto Minho.

O padre Virgílio Resende, ordenado em 1961, começou por ser vigário paroquial do então padre Júlio, em Ílhavo, e a partir dai acompanhou-o quando foi chamado ao episcopado no Algarve, bispo-auxiliar em Lisboa, primeiro bispo de Viana do Castelo e no Porto.

“Uma das características que sempre me impressionou foi o seu profundo respeito e amor pelos sacerdotes”, realça.

Neste contexto, exemplifica que nos primeiros tempos como bispo do Algarve D. Júlio Tavares Rebimbas ia visitar, escutar e, por vezes, “corrigir” os sacerdotes, mas “terminava sempre a abraçá-los”.

Monsenhor Virgílio Resende recorda-se “perfeitamente” do dia em que chegou a Ílhavo e assinala que se “percebia com relativa facilidade” que o padre Júlio tinha “uma personalidade forte”.

“Era um homem muito franco. Foi algo que me habituei muito rapidamente a admirar. […] Na verdade, essa franqueza conjugava-se com uma notável simplicidade”, comenta o sacerdote que agora vive na Casa Diocesana de Vilar, Diocese do Porto.

D. Júlio Tavares Rebimbas foi escolhido pelo Papa Paulo VI para ser o primeiro bispo de Viana do Castelo, diocese criada a 3 de novembro de 1977, mas antes passou pelo Algarve e pelo Patriarcado de Lisboa, onde viveu “os tempos conturbados da Revolução de Abril”.

Desse tempo, o seu antigo colaborador lembra que “houve ali um certo impasse” porque “não era fácil passar de bispo residencial a auxiliar”, mas foi o então cardeal-patriarca, D. António Ribeiro, que pediu “um bispo pastoralmente mais experiente”.

Já ir para o Alto Minho foi “um encanto” para D. Júlio Tavares Rebimbas: “Uma diocese que, por ser nova, não tinha vícios. D. Júlio foi muito feliz em Viana”.

Assim, recorda o “entusiasmo” com que o novo bispo procurou escolher pessoas para os diversos serviços da recém-criada diocese e “com saudade”, os almoços no paço com vários padres, “uma mesa por onde passavam todos os assuntos pastorais”.

Do início, monsenhor Virgílio Resende lembra ainda um bispo que “numa carrinha emprestada” visitava as paróquias e não esquece “as dificuldades económicas” ou peripécias, “absolutamente normais”, no período de transição.

D. Júlio Tavares Rebimbas foi nomeado bispo do Porto a 12 de fevereiro de 1982; faleceu na Casa de Saúde da Boavista, no dia 6 de dezembro de 2010.

Este domingo, os seus restos mortais regressam a Viana do Castelo e vão fica na Sé, num sarcófago em mármore branco com nome, datas, as armas e lema episcopal «In Verbo Tuo».

CB/OC



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