Vida guiada por um segredo Octávio Carmo 15 de Fevereiro de 2005, às 11:01 ... “- Queria pedir-Lhe para nos levar para o Céu. - Sim; a Jacinta e o Francisco levo-os em breve. Mas tu ficas cá mais algum tempo. Jesus quer servir-Se de ti para Me fazer conhecer e amar. Ele quer estabelecer no mundo a devoção ao Meu Imaculado Coração. - Fico cá sozinha? – perguntei, com pena. - Não filha. E tu sofres muito? Não desanimes. Eu nunca te deixarei. O meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deusâ€. 13 de Junho de 1917 (Diálogo entre Lúcia e Nossa Senhora, in Memórias da irmã Lúcia) A opção da Irmã Lúcia por uma vida de clausura nem sempre foi bem entendida por vários sectores da sociedade, que chegaram mesmo a falar em “rapto†ou em medidas de coacção para evitar que a Vidente de Fátima desse a sua versão dos acontecimentos ligados à s aparições da Virgem. Ninguém conhece dela o seu dia a dia, mas a sua história, da qual milhões e milhões de peregrinos são verdadeiros herdeiros. Desde o primeiro momento, contudo, se percebe que, na sua simplicidade de pastorinha, a vida de Lúcia é marcada por uma missão única: revelar, comunicar e entregar à hierarquia da Igreja aquilo que chamou um segredo, mesmo quando a sua simplicidade de pastorinha aparece em contraste com a densidade da mensagem revelada. Este laço particular ganhou mais visibilidade quando o Papa atribuiu o facto de ter sobrevivido ao atentado de 13 de Maio de 1981 à intervenção da Virgem de Fátima e com a posterior ligação deste acontecimento à terceira parte do segredo de Fátima. A religiosa Carmelita passou uma vida a reflectir e a escrever sobre estes factos, a partir de 1935, assumindo a sua missão de ser a voz e a memória viva de Fátima. No inÃcio dos anos 40, a Irmã Lúcia entregou ao Vaticano esta mensagem, na qual se falava de guerra, de perseguições contra a Igreja, do ateÃsmo na Rússia e da devoção à Virgem. A primeira, relativa à visão do inferno, promoveu a oração do Rosário e os gestos de conversão. A segunda parte foi a que, durante mais tempo, gestos concretos e gerou uma preocupação constante de Lúcia para que tudo fosse cumprido conforme a mensagem que Nossa Senhora lhe entregara. Lúcia revelou que Nossa Senhora pedira a conversão da Rússia, comunista, ao seu Imaculado Coração. O segredo era que o PaÃs se iria converter. Em 1942, o Papa Pio XII promoveu a Consagração, mas Lúcia considerou-a sem efeito uma vez que não estavam reunidos todos os bispos do mundo, tal como pedira Nossa Senhora. A mesma Consagração foi depois realizada pelo Papa Paulo VI, no final do ConcÃlio Vaticano II (1965), mas era necessário que os bispos estivessem, não fisicamente, mas em comunhão nas suas dioceses. Em 1984, na Praça de São Pedro, diante da Imagem de Nossa Senhora de Fátima ida expressamente da Capelinha das Aparições, João Paulo II faz, uma vez mais, a consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria, em união com todos os Bispos do mundo. A Irmã Lúcia confirmou pessoalmente que este acto, solene e universal, de consagração correspondia à quilo que Nossa Senhora queria: "Sim, está feita tal como Nossa Senhora a pediu, desde o dia 25 de Março de 1984" (carta de 8 de Novembro de 1989). Esta insistência mostra que a vida de Lúcia gira em torno do cumprimento integral desta mensagem, deste segredo que fica marcado, letra a letra, no seu coração. A terceira parte do segredo marcou gerações de católicos, convencidos de que a mesma se referia a uma visão apocalÃptica do fim do mundo. O mistério foi revelado no dia 13 de Maio de 2000, quando o Papa João Paulo II visitou Portugal e beatificou dois dos Pastorinhos, Francisco e Jacinta. Antes de decidir revelar o mistério, uma comissão do Vaticano visitou a Irmã Lúcia, no convento onde ela viveu até ontem, para saber sua opinião sobre a interpretação do Papa e pedir a sua autorização para revelá-lo. “A Irmã Lúcia repetiu a sua convicção de que a visão de Fátima se referiu à luta dos ateus comunistas para acabar com o cristianismo e descreveu o terrÃvel sofrimento das vÃtimas da fé no século XXâ€, diz o documento oficial. A vida de contemplação da Irmã Lúcia entende-se, assim, como uma história que interpreta na sua profundidade este segredo, segundo uma dimensão espiritual que o mundo de hoje, tantas vezes, não consegue entender. NotÃcias relacionadas • Testamento espiritual inédito na Igreja Pastorinhos de Fátima Share on Facebook Share on Twitter Share on Google+ ...