Visão do Cinema sobre Cristo Francisco Perestrello 15 de Novembro de 2005, às 13:34 ... A Cinemateca Portuguesa apresentou, agrupados num ciclo, cinco filmes referentes à vida de Cristo, cinco trabalhos de inegável interesse e valor. São cinco obras que encaram as narrativas do Novo Testamento de diferente forma, desde a pintura adocicada muito ao gosto do público americano (e boa parte do europeu) até tratamentos mais rigorosos, com maior impacto, capazes de suscitar formas mais avançadas de análise e de debate. «O Rei do Reis» (1927), de Cecil B. De Mille, foi escolhido para abertura do ciclo. Realizador adepto do grande espectáculo, De Mille transmite no seu flme toda a grandiosidade da última fase da Vida de Cristo, com incidência especial na Paixão e Crucifixão. Embora longe de ser o primeiro filme sobre a vida de Cristo, esta obra de cinema mudo marcou um grande passo em termos da forma de tratamento, sendo capaz de atingir uma vasta gama de público. O mesmo tÃtulo viria a ser adoptado em 1961 para o filme de Nicholas Ray, que embora seguindo as pisadas de De Mile contava em adicional com a cor e, sobretudo, com o sonoro, para facilitar o resultado da realização. Tal não impede que neste tÃtulo tenha sido De Mille a marcar a mais forte posição, embora com um filme mudo e a preto e branco, com dois pequenos apontamentos a cores. «Acto de Primavera» (1962), de Manoel de Oliveira, apresenta de uma forma exemplar a Paixão de Morte de Cristo vista pelo povo, num documentário etnológico, filmado com todo o realismo na aldeia de Curalha, no interior de Trás-os–Montes. «O Evangelho segundo S. Mateus» (1964), de Pier Paolo Pasolini, foi uma obra polémica por ocasião do seu lançamento. Assumidamente ateu e marxista, Pasolini transcreveu com rigor o texto original, com a dureza própria das circunstâncias que envolveram a vida de Cristo, mas bem longe de qualquer via melodramática ou qualquer romancear capaz de atenuar a crueza da realidade. Num escorreito preto e branco e com actores na sua maioria amadores, a obra veio a impor-se com o tempo, sendo um testemunho de fé por parte de alguém que afirmava não a possuir. Por fim, em termos cronológicos de produção, «A Paixão de Cristo» (2004), de Mel Gibson, é uma obra muito sincera e de grande dureza, que por ter estreado em data recente está ainda na memória de grande parte dos espectadores. Francisco Perestrello Cinema Share on Facebook Share on Twitter Share on Google+ ...