Viver a Semana Santa na Igreja e na sociedade Voz Portucalense 16 de Março de 2005, às 10:55 ... De 20 a 27 de Março, mais cedo do que é habitual, a tradição cristã celebra a Semana Santa, ou Semana Maior para todo o povo cristão. Especialmente é digno de registo o chamado TrÃduo Pascal que engloba os três grandes mistérios: o da Eucaristia (na Quinta-feira Santa), o da Paixão (na Sexta-feira Santa) e o da Ressurreição, na Solene VigÃlia Pascal, que se prolonga depois na celebração do Domingo de Páscoa e nos Domingos seguintes). Importa insistir no apelo à s comunidades cristãs para a revitalização destas celebrações, o que se tem vindo a verificar, através de iniciativas diversas, como as Conferências Quaresmais, a realização em todas as paróquias da Via Sacra (em muitos casos em lugares públicos, como ruas e praças), as chamadas Procissões dos Passos e as Visitas Pascais). Acresce ainda, nos últimos tempos, a promoção de numerosos concertos de carácter espiritual, com as diversas modalidades da Música Sacra (coros, orquestras, solistas vocais e instrumentais, canto gregoriano, concertos de órgão de tubos e concertos coral-sinfónicos), com obras tanto consagradas como o Messias de Haendel, o Requiem de Mozart, as Cantatas de Bach ou Missas de vários autores, motetes de muitos autores, como de compositores contemporâneos que se continuam a exprimir por esta forma de arte e manifestação da criatividade do espÃrito humano. Esta visÃvel reabilitação do sentido espiritual e salvÃfico da Semana Santa, que parece ganhar maior presença na comunicação Social e adquirir uma visibilidade mediática que não possuÃa em anos transactos, é sublinhada pelo acompanhamento diário da doença do Papa João Paulo II, ela própria sÃmbolo do sentido cristão da enfermidade humana: o seu significado e valor redentor. Para além das opiniões expressas de que João Paulo II devia resignar (também no tempo de Cristo não faltavam fariseus que, mesmo perante milagres, definiam como ele devia agir: “então este, que deu a vista ao cego, não podia impedir que o seu amigo não morerre?†- Jo, 11), a sociedade e a comunicação social começam a entender que a presença do Papa, apesar da sua fragilidade, constitui um sinal do princÃpio da defesa da vida: vivê-la com intensidade até ao fim. Mesmo para os não crentes, a afirmação deste facto sociológico da Semana Santa mais vivida pelos cristãos (de qualquer Igreja) deve ser motivo de respeito e ocasião de descoberta da presença do espÃrito na realidade social. Como fazia, por exemplo, Miguel Torga nos numerosos e emblemáticos escritos que dedicou a este perÃodo. Para os crentes, Cristo, nossa Páscoa, foi imolado; para os não crentes, o Homem, sujeito à morte, é paradigma da condição humana, cujas dores importa superar. Quaresma Share on Facebook Share on Twitter Share on Google+ ...