Desafios da XXVI Semana de Estudos Teológicos da Faculdade de Teologia da UCP, em Lisboa
A Faculdade de Teologia (FT) da UCP, em Lisboa, promove até este sábado a sua XXVI Semana de Estudos Teológicos, que este ano foi consagrada ao tema "A Condição Laical. Caminhos de Comunhão na Diversidade".
De acordo com o Pe. Peter Stilwell, director da FT, a Semana de Estudos Teológicos “pretendeu entrar no concreto das exigências colocadas por uma Nova Evangelização”. A iniciativa foi uma organização da FT em colaboração com o Grupo de Trabalho do Congresso Internacional para a Nova Evangelização (ICNE), no ano em que se realizará a etapa de Lisboa do ICNE (Novembro de 2005).
Em 2004, a Semana de Estudos Teológicos foi dedicada à análise dos sinais de renovação da Igreja Católica, trazendo à reflexão uma série de aspectos ligados à a cidade, nos nossos dias e nos tempos de Cristo. Para o Pe. Peter Stilwell, após ter compreendido que a cidade estava a mudar, era necessário “perceber que essa mudança não é estranha à acção do espírito”.
“Não se trata tanto de ir à cidade levar coisas novas, embora isso seja necessário, mas de abrirmos os olhos à acção do espírito no coração das pessoas e comunidades que estão na cidade”, sustentou, em declarações à Agência ECCLESIA.
Nesse sentido, em 2005 a FT decidiu olhar essas pessoas mais de perto, escolhendo leigos “que levam a sério a sua fé cristã e que estão mergulhadas na vida política, social, económica, familiar”.
Este interface entre o mundo em mudança e o Evangelho que se procura viver diariamente marcou o ritmo desta semana de trabalhos.
Os primeiros dias mostraram o testemunho de leigos que deixaram a sua marca no mundo da política e da cultura. “Para que o entusiasmo do Congresso Internacional, em Novembro, se traduza numa resposta eficaz da Igreja aos desafios de uma nova realidade urbana, há que reflectir sobre o modo como aí intervêm hoje os leigos cristãos”, assinala o director da FT.
Nesse sentido, a Faculdade evocou a memória de alguns leigos cristãos de renome que faleceram recentemente: no campo político - Francisco Lucas Pires, António Sousa Franco, Maria de Lourdes Pintasilgo; e no campo da cultura - Henrique Barrilaro Ruas, Sophia de Mello Breyner, Mário Figueirinhas.
Num segundo momento, a reflexão procurou definir o que seja uma espiritualidade laical, percebendo o que isso pode significar para um novo entendimento da Igreja.
“Os leigos, aquilo que eles vivem e reflectem, tem repercussão na maneira como a Igreja, ela própria, se entende na sua resposta ao Evangelho e ao mundo”, aponta o Pe. Peter Stilwell.
Nova Evangelização
O dia de amanhã fica marcado pelo lançamento do Manifesto “Desafios laicais no limiar do Congresso da Nova Evangelização”.
O Pe. Peter Stilwell faz questão de vincar que “a expressão Nova Evangelização tem-se prestado a alguma confusão, pois parece que viemos inventar qualquer coisa de novo”.
“O Evangelho é o mesmo, trata-se é de uma evangelização perante uma realidade nova, que mudou, que não tem a marca do Evangelho que foi impressa em formas de realidade anteriores”, alerta.
Perante mutações rápidas e profundas, em que todos nos vemos envolvidos, este responsável refere que é importante que os católicos “não percam o pé e sejam capazes de ver as frestas por onde o Evangelho se pode tornar carne numa vida real nova”.
Os elementos próprios que o laicado poderá trazer para enfrentar este desafio são destacados pelo director da FT, que os considera marcados por uma vivência fundamental, “a democracia”.
“A democracia existe há poucas décadas e permite a percepção de que todos são cidadãos conscientes, participantes, responsáveis no interior da sociedade: isso traz um novo entendimento da vida na sociedade, que tem repercussões na vida da Igreja”, conclui.