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Vocação missionária não pode ser um adereço facultativo

José Carlos Patrício
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No lançamento do Dia Mundial das Missões, D. António Couto fala de uma renovação ainda por realizar, dentro da Igreja

“Toda a Igreja é missionária e ser cristão implica necessariamente ser missionário” sustenta D. António Couto, para quem é tempo de tornar esta vocação “uma necessidade e não um adereço facultativo”.

 Num texto intitulado “Igreja de Portugal, é tempo de renascer”, o presidente da Comissão Episcopal das Missões (CEM) faz uma análise à actuação missionária da Igreja e das suas diversas comunidades, sobressaindo a necessidade de trilhar, pelo menos, dois caminhos de forma diferente, rumo à renovação.

 O primeiro caminho diz respeito a uma tomada de consciência daquela que é, para o prelado, a vocação primordial de toda a Igreja e dos seus fiéis.

 Apontando como exemplo pioneiro a publicação da Carta Pastoral “Para um rosto missionário da Igreja em Portugal”, pela Conferência Episcopal Portuguesa, o bispo auxiliar de Braga considera que “é cada vez mais claro que a missão ad gentes não é tanto uma maneira de demarcar espaços a que haja de levar o primeiro anúncio do Evangelho”.

 “É mais o modo feliz, ousado, despojado e dedicado de o cristão sair de si mesmo, por amor, e levar Cristo ao coração de cada ser humano, seja onde for” concretiza o presidente da CEM.

 Por isso, o segundo caminho para a mudança, para aquele responsável, passa por reconhecer de que forma é que a Igreja pode concretizar a sua missão junto das pessoas.

 “E aí não nos resta outra coisa senão sermos missionários ao jeito de Cristo: pobres, felizes, livres, sem coisas atrás” sublinha o prelado, para quem só uma comunidade cristã activa, leve, despojada de estruturas supérfluas, poderá anunciar o Evangelho de forma renovada e credível.

 O texto “Igreja de Portugal, é tempo de renascer” está incluído no Guião elaborado pelas Obras Missionárias Pontifícias (OMP) para todas as comunidades cristãs.

 Um instrumento através do qual se pretende dinamizar Outubro, o mês da Missão, com um conjunto de propostas para reflexão e oração.

 O próximo dia 24 assume-se como uma data de especial destaque, com a celebração do Dia Missionário Mundial (DMM), este ano apontado por Bento XVI à temática “A construção da comunhão eclesial é a chave da Missão”.

Na sua mensagem de introdução ao DMM, o Papa recorda “o mandamento missionário de todos os baptizados, que não pode ser concretizado sem uma profunda conversão pessoal, comunitária e pastoral”.

Bento XVI refere ainda que o cuidado no anúncio do Evangelho “deve estimular não só cada cristão, individualmente, mas todas as Comunidades diocesanas e paroquiais a uma renovação integral e a abrirem-se cada vez mais à cooperação missionária”.

Este dia assume particular importância para os homens e mulheres que, um pouco por todo o mundo, dedicam a sua vida ou uma parte do seu tempo ao anúncio da Palavra de Deus e à ajuda ao próximo.

No que diz respeito ao panorama missionário português, perto de 800 homens e mulheres, leigos e consagrados, estão actualmente em missão, distribuídos um pouco por todo o mundo.

Segundo dados avançados no Anuário para a Missão em Portugal, elaborado pelas OMP, e no que respeita às vocações consagradas, são 723 os missionários nacionais que se encontram no terreno, distribuídos um pouco por todo o mundo, com especial incidência no continente africano.

Quanto aos leigos, os números apontam para a existência de pelo menos 60, a trabalhar com comunidades em três continentes diferentes: África, América e Ásia. 



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