Vaticano

100 pessoas testemunham santidade de João Paulo II

Octávio Carmo
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Postulador da causa de beatificação fala dos primeiros passos do processo, mas não aponta nenhum prazo final

O processo de beatificação de João Paulo II incluirá depoimentos de 100 pessoas de todo o mundo, que irão testemunhar sobre a sua “vida, virtude e fama de santidade” ao longo do seu percurso ao serviço da Igreja. Os depoimentos deverão começar a ser recolhidos no próximo Outono, segundo o postulador da causa de beatificação e canonização, Pe. Oder Slawomir, o qual adiantou ainda que “de momento, não há nenhum procedimento aberto sobre nenhum milagre”. O sacerdote polaco disse em entrevista ao jornal italiano “Avvenire” que este é ainda um elenco provisório e que outros testemunhos podem ser incluídos, no decorrer do processo. Dado tratar-se da causa de beatificação e canonização de um Papa, todos os escritos magisterais (Encíclicas, Cartas, Exortações Apostólicas, Mensagens, etc.) elaborados durante seu pontificado não entram no processo – dado o dogma da infalibilidade papal. O material recolhido, até ao momento, refere-se aos textos de Karol Wojtyla “escritos antes da sua eleição como Papa e aos documentos não magisterais do seu pontificado, na prática cinco livros”, avança o Pe. Salwomir. Os primeiros passos do processo passaram por nomear o Colégio de teólogos censores, que tem a missão de examinar os escritos recolhidos e avaliar se estão em conformidade com a Doutrina da Igreja. Após este procedimento iniciam-se as audições dos testemunhos, que procedem de todo o mundo. O postulador da causa escusou-se a adiantar uma data provável para a beatificação de João Paulo II, assegurando que de momento “é absolutamente imprevisível” a duração do processo. “O material a estudar é enorme, e ainda é preciso decidir qual vai ser a técnica jurídica a seguir para a recolha de testemunhos: se serão escutados todos ou não; se o tribunal se mudará para cada país para a entrevista com as testemunhas; se se abrirá um processo rogatório nos lugares onde vive cada uma delas, ou se se solicitará a colaboração dos tribunais das dioceses onde vivem, etc”, referiu. O sacerdote polaco admitiu o desejo de que o processo culmine “directamente na canonização” de João Paulo II, alertando, contudo, de que essa é uma decisão que apenas compete ao Papa. O processo segue, neste momento, uma fase diocesana, que começou no passado dia 28 de Junho, e posteriormente terá outra fase, na Santa Sé. A Diocese de Roma procede, como se disse, à recolha de todos os documentos relativos à vida e obra de João Paulo II, incluindo os escritos inéditos, anteriores à sua eleição como Papa. A estes acrescentam-se os relatos de eventuais milagres atribuídos à sua intercessão. Na Congregação para as Causas dos Santos teólogos, médicos e historiadores irão analisar esses dados. As suas conclusões serão depois submetidas ao exame da "Ordinária" da Congregação, composta por 30 membros, entre Cardeais, Arcebispos e Bispos: é a eles que compete aprová-las ou não. O Cardeal Saraiva Martins, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, deixou na sua última passagem por Lisboa votos pessoais para que o processo de beatificação e canonização de João Paulo II “se desenrole o mais rapidamente possível”. O Cardeal português deixou claro que o processo seguirá “todas as normas canónicas”, apesar da dispensa do tempo de espera de cinco anos.


João Paulo II