2013: Uma renúncia e uma eleição
Porta-voz da Santa Sé faz balanço do ano em entrevista à Rádio Vaticana
Cidade do Vaticano, 27 dez 2013 (Ecclesia) – O porta-voz da Santa Sé, padre Federico Lombardi considera, em entrevista à Rádio Vaticana, que a renúncia de Bento XVI e a eleição do Papa Francisco foram os dois momentos marcantes do ano de 2013.
A renúncia de Bento XVI “foi uma escolha que marcou o ano de 2013 e que vai continuar a marcar também as próximas épocas da Igreja”, refere o porta-voz do Vaticano.
“É uma abertura de caminho ligada também ao tempo atual” e Bento XVI teve “grande lucidez e humildade” visto que ao ter renunciado criou, tal como ele o definiu um “renovado vigor à Igreja, coisa que efetivamente aconteceu, e aconteceu de um modo impressionante e inesperado", considera o padre Federico Lombardi.
A eleição do argentino Jorge Bergoglio como Papa foi igualmente um momento marcante do ano de 2013 e a “resposta aos gestos e palavras do Papa Francisco no mundo de hoje é algo absolutamente impressionante”, refere o porta-voz da Santa Sé.
A simplicidade e proximidade de Francisco vieram responder “a uma espera profunda e permanente de toda humanidade, que é aquela da necessidade, do desejo de amor, de humanidade, do perdão, de uma relação sincera, da proximidade no confortar e no encorajamento”, considera o padre Federico Lombardi.
Francisco é o primeiro Papa jesuíta da história da Igreja Católica e o padre Federico Lombardi vê “uma sintonia muito profunda entre a espiritualidade do Papa, o seu modo de guiar a Igreja e a espiritualidade inaciana, sobretudo no sentido de estar a caminho, no procurar e encontrar a cada dia a vontade de Deus, para servi-Lo melhor e para realizar aquilo a que os jesuítas chamam a sua maior glória, isto é, o mais profundo conhecimento do amor de Deus e traduzir na vida a profunda relação do amor entre Deus e o homem e nos homens entre eles.”
Francisco “aboliu as barreiras entre a pessoa do Papa e as pessoas que ele encontrou”, o que “foi entendido com simplicidade e de forma direta por todos” dando assim início a “um modelo de relação pastoral, que posteriormente é difundido e que se deve tornar habitual, um pouco em todas as partes da Igreja”, considera.
Quando questionado sobre reformas que possam ter lugar em 2014 o padre Frederico Lombardi considera que a maior reforma do Papa Francisco já teve início ao “fazer com que os instrumentos e as estruturas se tornem mais adaptadas à missão da Igreja, de anúncio do Evangelho até as fronteiras do mundo, às periferias de que Francisco tanto fala, na relação com os pobres, com as pessoas que têm mais necessidade da proximidade do amor do Senhor e do testemunho de Deus”.
“O Papa deu início a diversas consultas, diversas comissões para tornar mais transparente, mais eficaz o testemunho das estruturas, mesmo no que diz respeito ao Vaticano e às suas estruturas administrativas”, acrescenta o porta-voz da Santa Sé.
“O sentido da Igreja que entra em movimento, num caminho, que é peregrina no cumprir sua missão, parece-me que seja um dos aspetos espiritualmente mais característicos deste pontificado de Francisco”, conclui o padre Federico Lombardi, em entrevista à Rádio Vaticano.
MD
Bento XVI Papa Francisco